Entramos no chat gay para arranjar sexo e estamos juntos há 20 anos
Casal de homens conta sobre sua relação afetiva que começou despretensiosamente
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Hoje em dia existem muitos aplicativos para conseguir encontros casuais. Entre LGBTQIA+, principalmente homens gays e bissexuais, o Grindr é extremamente popular para encontrar parceiros sexuais de forma direta e nada burocrática. Mas lá nos primórdios da internet não era assim TÃO fácil. Até que surgiu uma ferramenta que ajudou várias pessoas a encontrarem amigos, transas e namorados. Os chats, bate-papos hospedadas em sites, sendo os do UOL os mais agitados.
Eles existem até hoje, mas não são tão comentados quanto já foram. Para quem nunca entrou em um, é o caos, um monte de gente falando sem parar em uma sala virtual. Se alguém te interessa no meio da falação, dá para abrir uma conversa a dois.
Existem chats de vários temas, e óbvio que sexo é um deles –aliás, sabendo usar, qualquer rede é Tinder. Foi em um desses, voltado para o público homossexual masculino, que Antônio e Henrique se conheceram. E o objetivo era bem claro: trepar.
Henrique diz que nunca teve dúvida sobre sua sexualidade, mas ainda era tímido com relação a isso. Havia transado com quatro caras até então e estava querendo explorar mais. Antônio, por outro lado, já havia tido um namorado, mas também estava ali querendo trepar. Eles se encontraram a primeira vez no estacionamento da universidade, rolou uma transa dentro do carro e depois cada um foi pra sua casa.
Antônio ficou puto. É que Henrique demorou quinze dias para ligar para ele depois do primeiro encontro. Mas como a vontade de transar foi maior que seu orgulho, eles se encontraram novamente, dessa vez em um motel, mais confortável que os bancos do carro. Daí eles foram se vendo e não demorou muito para Antônio pedir Henrique em namoro. Estão juntos até hoje, faz duas décadas. Como todo relacionamento, teve seus altos, baixos e períodos em que eles já pensaram em se separar. Eles sempre conseguiram se acertar e seguem juntos.
Durante muito tempo, o relacionamento era discreto, eles não falavam abertamente para amigos e famílias que eram um casal. Há alguns anos eles cansaram dessa dinâmica e não escondem mais. Gostam de viajar, comer, beber e também de fazer sexo a três.
"Não considero nosso relacionamento aberto, não temos relações afetivas com outros homens, mas gostamos de ménage sem compromisso", diz Henrique. Eles mantém um perfil de casal no Grindr e têm facilidade para encontrar rapazes para curtir. Eles já foram em saunas e clubes em que o sexo é liberado, e estão abertos a viver essas experiências se der vontade, ainda que não seja um hábito.
Durante entrevista para a coluna, eu perguntei se havia alguma pintura que demonstrasse afeto entre homens gays para ilustrá-la. Eles, que gostam bastante de arte, disseram que a maioria das obras que representam homens gays focam mais na parte erótica e não lembram de muitas que sejam afetivas.
Depois de um tempo pensando, lembramos de Keith Haring, artista estadunidense abertamente gay, que faleceu em 1990. Sua obra trouxe visibilidade ao amor e à sexualidade LGBTQIA+, em uma época em que o preconceito contra essa comunidade era crescente em função do começo das infecções por HIV. Por isso, ele é um dos artistas que escolhi nesse mês do orgulho.