Tomara que Sabrina Sato jamais aprenda um idioma estrangeiro
Ignorância simpática e cara de pau fazem parte do charme da apresentadora
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"Parla italiano?" ("você fala italiano?"), pergunta uma senhora. Sabrina Sato não se faz de rogada. "Parlo um poquito", responde ela de bate-pronto, misturando italiano, espanhol e muita desenvoltura numa única frase.
Sabrina tem larga experiência em viagens internacionais. Visitou meio mundo fazendo reportagens para o Pânico, tanto na RedeTV! como na Band. Agora contratada pela Globo, ela encerrou neste domingo (22) a primeira temporada da série "Essa Eu Quero Ver", exibida pelo Fantástico. Ao longo de cinco episódios, a apresentadora percorreu atrações turísticas não muito conhecidas da Itália, mas que vêm causando burburinho nas redes sociais.
E tudo isso sem falar fluentemente nenhum idioma estrangeiro. Sabrina tem boas noções de inglês, mas ainda engasga na hora de dizer algo mais elaborado. Sem a menor cerimônia, solta palavras em espanhol em conversas que deveriam ser em italiano. Conversa com gente de qualquer nacionalidade em português, e é sempre compreendida. Talvez a produção do quadro tenha dado uma forcinha, ou vai ver que as pessoas a entendam porque a simpatia de Sabrina é irresistível.
Num programa "normal" de viagens, o apresentador tenta sempre falar com os locais na língua deles, ou então apela para o inglês. Sabrina não está nem aí. Ela é quase uma caricatura do brasileiro que viaja para o exterior sem saber a diferença entre "good morning" e "good night".
Mas é uma caricatura respeitosa, porque Sabrina não se orgulha de sua ignorância. Nunca fez o gênero "não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe". Ela manifesta genuína curiosidade e deslumbramento diante das maravilhas que vai conhecendo pelo caminho, e faz com que o espectador tenha essas mesmas sensações.
"Essa Eu Quero Ver" teve momentos memoráveis, como a revelação de que a cúpula que aparece em muitas das externas que a correspondente Ilze Scamparini faz em Roma pode ser vista do terraço do apartamento da jornalista. Durante a pandemia, foi de lá que ela gravou várias de suas matérias; hoje, está de volta às ruas da capital italiana. Mas resta um mistério: por que Ilze não esboçou um único sorriso durante toda a conversa que teve com Sabrina?
Ao longo de seu périplo, Sabrina encontrou inúmeros brasileiros, fossem turistas ou residentes. Também empregou técnicas que deve ter aprendido com o pessoal do Pânico. Na fabulosa aldeia de Civita di Bagnoregio, encarapitada num penhasco, a apresentadora descobriu onde fica a casa de Harry Styles. Foi até lá, bateu palmas e gritou "Harry!", como se isto bastasse para o cantor vir atendê-la. Claro que ele não deu as caras.
Algumas de suas descobertas têm aplicação imediata até para quem não sairá do Brasil. Sabrina aprendeu as maneiras "corretas" de comer pizza e espaguete, ou pelo menos o jeito com que os italianos comem seus pratos mais difundidos pelo mundo afora.
Depois do último episódio, me ocorreu que Sabrina tem muitos pontos em comum com Hebe Camargo. Obviamente, ela não é uma versão 2.0 da maior apresentadora da TV brasileira de todos os tempos, muito menos sua sucessora. Mas as duas compartilham a origem interiorana, o desconhecimento assumido pelos mais diversos assuntos, a vontade de saber mais e um carisma à prova de bala.
Sabrina ainda carrega nos erres, algo impensável na época em que Hebe estreou na televisão. Naquela época, padronizava-se o sotaque de todo mundo que aparecia no vídeo. Hoje Sabrina ostenta um guarda-roupa assinado por grandes estilistas e fala como uma caipira recém-chegada à capital.
Não há nada de ruim nisso: essa mistura de sofisticação e simplicidade é um dos segredos do sucesso de Sabrina Sato. Que ela continue assim, sem jamais perder a espontaneidade.