Livro resgata os 25 anos da história do Teleton
Próxima edição do programa beneficente do SBT acontece em novembro
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A palavra "teleton" combina "televisão" e "maratona", e se refere a um programa que dura muitas horas, ou até mesmo dias, com o objetivo de levantar fundos para uma determinada causa. O formato é um dos mais antigos da história da TV: surgiu nos EUA em 1949, com o comediante Milton Berle apresentando um programa de 16 horas em prol de um instituto de pesquisas sobre o câncer.
Muitos outros teletons vieram depois. Um dos mais famosos foi o comandado por Jerry Lewis, que pedia doações para uma ONG que cuida da distrofia muscular e foi ao ar por 38 anos na TV americana.
Aqui no Brasil, apesar de o formato já ter servido a outras causas, Teleton é o programa anual produzido pelo SBT, com o apoio de outras emissoras, em prol da AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente. O livro "Laços de Gratidão: Os 25 Anos do Teleton no Brasil" resume a trajetória do programa, que teve sua primeira edição em 1998. A próxima, a 25ª, está marcada para os dias 4 e 5 de novembro.
Escrito por Everton Vasconcelos e publicado pela CDI Comunicação, o livro é fartamente ilustrado e conta como o empresário Décio Goldfarb, que foi presidente do conselho de administração da AACD entre 1998 e 2003, teve a ideia de trazer o projeto para cá. Sua mãe, Rosinha, era amiga de Hebe Camargo, e as duas conseguiram convencer Silvio Santos a realizar a maratona beneficente.
Eu também me sinto parte dessa história, pois participei como roteirista de duas edições do Teleton. Na primeira, em 1998, minha tarefa era visitar crianças e adultos com deficiência física que tiveram suas vidas melhoradas pelos tratamentos que faziam na AACD. Depois, escrevia textos sobre esses "cases" de sucesso, que serviram de base para vídeos exibidos ao longo do programa.
Foi uma experiência impactante. Entrei em contato com um universo que eu desconhecia. Aprendi mais sobre a paralisia cerebral, da qual sabia muito pouco, e a mielomeningocele, da qual nunca tinha ouvido falar. E me encantei com o trabalho da AACD, que leva esperança e abre novos horizontes para tanta gente.
Minha segunda passagem pelo Teleton foi na terceira edição, em 2000. Nesta vez, eu era um dos responsáveis pelo texto dos apresentadores. Tive a honra de vê-lo totalmente ignorado pelas divas Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Nair Bello. O encontro histórico das três amigas de longa data abriu o programa, e é claro que elas não precisavam de nada do que eu escrevi para fazer rir a plateia o público em casa.
Mesmo assim, eu tinha que estar a postos para qualquer alteração, e por isto fiquei mais de 24 horas de plantão nos bastidores do Via Funchal, a casa de shows paulistana que sediou o Teleton naquele ano (hoje ela não existe mais, e seu terreno deu lugar a um hotel).
O melhor momento daquela maratona aconteceu na madrugada, com uma edição especial do MTV Erótica. O programa abordou, pela primeira vez na TV brasileira, a vida sexual das pessoas com deficiência, de maneira respeitosa e apimentada ao mesmo tempo. Trouxemos casais para o palco, que compartilharam suas experiências, e também personalidades como Rita Cadillac, Nany People, Monique Evans e Mara Gabrilli, que ainda não era deputada, mas já lutava pelos direitos dos deficientes físicos.
De manhã, aproveitei para tomar um banho no principal camarim do Via Funchal, que estava reservado para... Silvio Santos. O dono do SBT só chegou à noite, para o encerramento do programa, e não desconfiou de nada, porque eu apaguei todos os rastros da minha passagem. Ufa.
O Teleton faz parte da minha trajetória profissional, e é um marco da TV brasileira. Por seu palco já passaram quase todos nossos grandes artistas, e todas as edições rendem encontros inusitados e momentos inesquecíveis.
Além do mais, é uma inestimável fonte de recursos para a AACD, que desenvolve um trabalho seríssimo há muitas décadas e faz toda a diferença na vida de milhares de pessoas com deficiência e seus familiares.