Tony Goes

A Fazenda 12 e The Voice Brasil acabam em clima de gala, mas há muito o que corrigir em 2021

Depois de boas temporadas, finais tiveram muitas lágrimas e muita enrolação

Jojo Todynho - Marcos Rocha/Divulgação

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Fazia tempo que o espectador brasileiro não assistia a um embate desse tamanho. Certamente não foi neste ano, pródigo em reprises e pobre em conteúdo inédito. Mas quiseram os deuses, os executivos e o calendário que a 12ª temporada de A Fazenda (Record) e a 9ª de The Voice Brasil (Globo) terminassem na mesmíssima noite, a de 17 de dezembro de 2020.

As duas emissoras de maior audiência do país se enfrentaram com suas versões de dois formatos consagrados no mundo inteiro. Quem venceu o duelo? No momento em que escrevo este texto ainda não saíram os números oficiais do Ibope, mas tudo indica que foi mesmo A Fazenda 12.

O reality de confinamento teve nesta edição o seu maior faturamento comercial e a sua terceira maior audiência da história. Um elenco bem escolhido, uma produção mais caprichada que das outras vezes e o inextinguível entusiasmo do apresentador Marcos Mion caíram feito maná do céu sobre um público carente de entretenimento.

Já The Voice Brasil teve mais uma boa safra, mas sem a repercussão ou o engajamento de outros anos. A Globo não mexeu no time que estava ganhando, e o programa acabou se ressentindo de novidades. O quarteto de jurados é mais que competente, é adorável; Tiago Leifert acertou o tom faz tempo; os candidatos não fizeram feio. Ou seja, mais do mesmo.

A Fazenda 12 chegou à sua última noite com pompa, circunstância e blocos curtíssimos. Breaks comerciais irrompiam a todo instante. Todos os eliminados voltaram à sede em Itapecerica (Grande SP), mas o assunto acabou já faz alguns dias. O derradeiro episódio foi um festival de flashbacks, ações de merchandising e, claro, muita encheção de linguiça. A maior diversão foi ver Stéfani Bays e Lipe Ribeiro se contorcendo de nervosos, como se ainda tivessem alguma chance. Tolinhos.

Tampouco faltou enrolação à final do The Voice. Pudera: com apenas quatro finalistas, não dá para exigir muita coisa. E tome show de Iza, de Lulu Santos, de Michel Teló, de Carlinhos Brown. Além, evidentemente, de breves retrospectivas das trajetórias de Izzra, Ana Canhoto, Douglas Ramalho e Victor Alves. Neste ano, a Globo até que tentou explorar mais a fundo a vida pessoal de cada um dos calouros, mas esbarrou num fato incontornável: nenhum deles é tão interessante quanto as subcelebridades de A Fazenda.

Quais são os aprendizados para 2021? A Record precisa reforçar a segurança no entorno da sede. Também deveria repensar as provas, com menos ênfase em condicionamento físico. Menos força bruta e mais esperteza cairiam muito bem (e essa dica vale também para o próximo BBB). Além disso, o pay-per-view no PlayPlus tem que valer o que custa. Sem falar no Carioca, que perdeu a pouca graça tinha no cercadinho do Alvorada.

Se os pontos fracos de A Fazenda são nítidos, é mais difícil apontar o que pode ser melhorado no reality The Voice. O programa é uma máquina bem azeitada desde a estreia em 2012, mas a fórmula dá evidentes sinais de cansaço. Talvez seja a hora de trocar mais um jurado? Afinar as regras? Aprofundar ainda mais o lado humano, e deixar a música um pouco de lado?

No frigir dos ovos, Jojo Todynho foi a previsível campeã de A Fazenda 12, com 52,54% das preferências do público. Já Victor Alves sagrou-se vencedor no Voice Brasil, desbancando o favorito Douglas Ramalho. Agora ambos têm uma difícil tarefa pela frente: manter a popularidade conquistada, algo em que muitos de seus antecessores no pódio falharam.

Mas, nesta noite de quinta, quem ganhou mesmo foi o espectador brasileiro, que pôde zapear entre duas produções luxuosas e torcer por seus favoritos. Quando será que teremos um embate desses outra vez?