Tony Goes

Segunda temporada de 'Sobreviver a R. Kelly' traz acusações contundentes ao cantor

Série documental registra mudança importante no clima político

O cantor e compositor R. Kelly - John Gress-13.jun.2008/Reuters

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As primeiras denúncias contra R. Kelly surgiram há mais de 20 anos. Então no auge do sucesso, o intérprete de "I Believe I Can Fly" foi acusado de ter se casado com sua protegida, a cantora Aaliyah, quando esta tinha apenas 15 anos de idade, o que é ilegal.

O imbróglio jurídico terminou com R. Kelly pagando uma multa de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,3 milhão). Aaliyah morreu em um acidente aéreo em 2001 e o caso ficou por isto mesmo. Em 2002, R. Kelly foi acusado de algo ainda mais grave: abuso sexual e posse de pornografia infantil. O cantor chegou a ser preso, mas o processo se encerrou dois anos depois por uma razão prosaica: falta de provas e de testemunhas.

R. Kelly prosseguiu sua carreira, já sem o mesmo brilho da década de 1990, lançando álbuns e fazendo turnês. Em 2016, voltou a ficar em grande evidência: gravou um dueto e um clipe com Lady Gaga, "Do What U Want".

No ano seguinte, R. Kelly caiu em desgraça novamente. Vieram à tona novas acusações de estupro e abuso contra ele. Lady Gaga, militante ferrenha dos direitos das mulheres, retirou a faixa "Do What U Want" de seu álbum "Artpop". E um fenômeno frequente nos casos de assédio se repetiu: mais e mais vítimas de R. Kelly criaram coragem para falar com a polícia e com a imprensa.

Foram tantos depoimentos que renderam até uma minissérie de TV em seis episódios, "Sobreviver a R. Kelly", exibida pelo canal Lifetime em 2019. No mesmo ano, o cantor e compositor voltou a ser preso. Seu julgamento, marcado para este mês de abril, foi adiado para julho. Antes disso, "Sobreviver a R. Kelly: Acerto de Contas" estreia nesta sexta (17), também no Lifetime.

"Não pensávamos em fazer uma segunda temporada", conta a produtora Brie Miranda Bryant, em uma entrevista por telefone. "Mas as histórias continuaram a aparecer. Quisemos dar voz ao maior número possível de mulheres abusadas por R. Kelly."

Algumas dessas novas histórias decorrem da própria existência da minissérie. O primeiro episódio da primeira temporada teve uma pré-estreia de gala em Los Angeles, no ano passado. No entanto, o evento foi interrompido por causa de uma ameaça de bomba. O público presente imediatamente suspeitou de que o próprio R. Kelly estaria por trás dessa ameaça, como mostra o episódio de estreia da segunda fase. ​

"Essas mulheres estão se expondo ao contar suas histórias. Correm o risco de sofrer retaliações", diz Bryant. "Entendemos por que algumas não querem falar."

Mas a segunda temporada traz uma novidade: não são só as mulheres que falam. Muitos homens, inclusive do círculo íntimo de R. Kelly, resolveram contar o que sabem. O impacto dessas denúncias promete ser devastador para o cantor. O clima político não é mais o mesmo de 20 anos atrás, e é muito improvável que ele seja solto.

Assim como ocorreu com Michael Jackson, surge a questão: podemos continuar ouvindo a música de R. Kelly? Dá para separar o homem e sua obra? Não existe resposta simples. "Este é um debate que durará até o fim dos tempos", conclui o produtor Jesse Daniels.

"Sobreviver a R. Kelly: Acerto de Contas" estreia nesta sexta (17), às 20h55, no canal Lifetime. Dois episódios serão exibidos em sequência. No sábado (18), mais dois episódios, a partir do mesmo horário. No domingo (19), a emissora transmite uma maratona com toda a segunda temporada a partir das 16h50. O quinto e último episódio vai ao ar às 20h55.