Tony Goes

Seu maior adversário é você mesmo, diz concorrente brasileiro de Desafio Sob Fogo América Latina

Gaúcho Daniel Jobim tenta repetir vitória de Tom Silva na edição do ano passado

Cena do Desafio Sob Fogo América Latina, apresentado pelo ator colombiano Juan Pablo Llano (à esq.) - Divulgação

Se o ar condicionado não estiver ligado, estúdios de gravação podem ser lugares muito quentes. Costumam ser lugares fechados, onde o ar não circula.

Mas o calor dentro do estúdio onde é gravado o reality Desafio Sob Fogo – América Latina, nos arredores da Cidade do México, se deve a outra razão: há algumas forjas acesas, com labaredas de impressionar.

O grupo de jornalistas de que faço parte é instruído a caminhar com cuidado pelo recinto e a não tocar em nada. É difícil controlar essa vontade: há algumas espadas fantásticas penduradas em uma parede, perfeitas para um selfie de impacto.

A segunda temporada da versão latina de um dos programas de maior audiência do canal History foi gravada em maio passado, no México, e finalmente estreia nesta quinta-feira (26), às 23 horas. Como na edição de 2018, os concorrentes vêm todos de países de língua ibérica: Argentina, México, Colômbia, Espanha e Brasil.

Em 2019, nosso representante é o gaúcho Daniel Jobim, com 41 anos de idade e 13 de cutelaria, que chega à competição com uma responsabilidade de peso: repetir a façanha de seu conterrâneo Tom Silva, o vencedor do ano passado.

Natural de Porto Alegre, Daniel mora hoje em Nova Petrópolis, a cerca de 100 km da capital do Rio Grande do Sul. Antes de ingressar no universo das forjas, trabalhou com turismo. Mas o apelo da cutelaria foi mais forte e há muita demanda por facas no estado: afinal, o churrasco é uma tradição gaúcha.

Hoje Daniel trabalha em seu ateliê e se considera um artesão, produzindo uma média de cinco peças por mês. Seus clientes incluem caçadores, chefs de cozinha e colecionadores de armas. Também dá aulas de cutelaria e sente que a procura aumentou bastante depois que Desafio Sob Fogo estreou no History.

Convidado a se inscrever no programa, Daniel enviou um vídeo caseiro com 18 minutos de duração, mostrando a confecção de uma faca em estilo mediterrâneo, típica do RS, do forjamento ao acabamento. Acabou sendo selecionado e passou dez dias na Cidade do México, onde os oito episódios da segunda temporada foram produzidos a um ritmo intenso.

“Todos os desafios são complexos, mas o maior adversário é você mesmo”, me conta Daniel por telefone. Pergunto se alguém se machucou durante as gravações. “Não, só tivemos câimbras”, ri ele. “Mas cortar os dedos é corriqueiro para um forjador, e eu também já queimei a mão. Tem sempre que ter um extintor por perto, pois nós estamos lidando com fogo”.

Daniel ficou amigo de seus rivais e mantém com eles um grupo no WhatsApp. Quero saber quem ganhou, mas é claro que ele não pode dizer o nome do vencedor. “Assista ao programa!”.

Mais uma vez, Desafio Sob o Fogo – América Latina é apresentado pelo ator colombiano Juan Pablo Llano. O júri também é o mesmo de 2018: o argentino Mariano Gugliotta e o mexicano Antonio de Regil. Ao longo da temporada, os candidatos terão que forjar armas exóticas como a faca belduque, o kukri nepalês, o machado Francisca e o punhal Dirk escocês. O vencedor leva um prêmio de US$ 10 mil dólares (ao câmbio atual, um pouco mais de R$ 40 mil).

Resgatando técnicas antigas e introduzindo outras novas, Desafio Sob o Fogo – América Latina traz os forjadores de armas brancas –uma das profissões mais antigas da humanidade– para o século 21. Com calor e tudo.

O jornalista viajou à Cidade do México a convite do canal History