Por que Falabella e Porchat não querem mais ficar presos à Globo?
Usinas de ideias, os dois abrem mão da estabilidade de um contrato longo
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Miguel Falabella esteve no último Festival de Gramado, onde seu filme “Veneza” concorreu. O longa ganhou dois prêmios: melhor atriz coadjuvante para Carol Castro e melhor direção de arte para Tulé Peake. Falabella ainda leu um manifesto em defesa do cinema brasileiro, e foi muito aplaudido pela plateia.
Mas o que repercutiu mesmo foi sua surpreendente declaração de que não pretende renovar com a Globo quando seu atual contrato vencer, daqui a um ano e meio. "Eu fico muito preso e quero liberdade”, disse ele ao UOL. “Se dizem não a um projeto meu, não tenho outra porta para bater".
Falabella estaria chateado com a cúpula da emissora por causa de sua série “Eu, Minha Vó e a Boi”, que deve estrear em novembro na plataforma Globoplay. Como não há uma segunda temporada prevista, o ator, diretor e roteirista estaria pensando em mudar de ares.
Pode ser bom para sua carreira. Para começar, a Globo impõe uma série de restrições a seus funcionários. Falabella, por exemplo, não pode promover seu novo filme nos talk shows de outros canais. Tampouco pode sugerir projetos para a Netflix, nem abrir seu próprio canal no YouTube.
Durante uns bons 40 anos, a Globo foi praticamente a única emissora a oferecer
estabilidade, bastante liberdade criativa e ótimos salários para suas estrelas. Isto mudou na última década. Os contratos por obra certa tornaram-se mais comuns; ao mesmo tempo, o mercado se expandiu, primeiro com a chegada dos canais a cabo e, depois, das plataformas de streaming.
Fábio Porchat já despontou nesse novo bioma. Com passagens pela Globo e pela Record, ele não quer mais ficar atrelado a nenhuma emissora. É sócio da produtora Porta dos Fundos e prefere a liberdade de oferecer seus programas para quem os quiser. Só neste ano, já emplacou dois: a sitcom “Homens?”, exibida pelo canal pago Comedy Central e disponível na Amazon Prime Video, e o talk show “Que História É Essa, Porchat?”, no ar pelo GNT.
Tanto Porchat quanto Falabella são usinas de ideias: além de atuar, os dois não param de criar programas (Falabella também dirige). São um ativo valioso para qualquer emissora de TV –e não é por outra razão que Porchat virou um convidado frequente na Globo, que está paquerando-o ostensivamente.
Mas ele já deu sinais de que não quer compromisso, e Falabella periga seguir pelo mesmo caminho. O que pode ser bom para todo mundo, inclusive para a própria Globo. A emissora não teria mais que remunerá-los quando eles não estiverem no ar, o que aliviaria a folha de pagamento.
É assim que funciona no mundo inteiro. Atores, diretores e roteiristas costumam ser profissionais liberais, e poucos canais seguram esses talentos com contratos de longo prazo. A Globo está deixando de ser um deles.
Esta dinâmica traz riscos para todos os envolvidos, mas também muitas possibilidades. E nem adianta lutar contra. O futuro já começou.