Série documental 'Serengeti' é 'O Rei Leão' da vida real
Produzido por Simon Fuller, programa estreia no Discovery neste domingo (25)
O Parque Nacional do Serengeti foi criado em 1951, no norte da Tanzânia. Sua área de 14.750 km² vai das margens do lago Victoria à fronteira com o Quênia e não conta com nenhum povoado humano permanente, a não ser a infraestrutura turística.
Só os bichos são autorizados a viver na imensa região, cujo nome, derivado da língua masai, significa “o lugar onde a terra se estende para sempre”. Essas savanas sem fim já serviram de cenário e inspiração para dezenas de filmes ambientados na África.
Um exemplo recente é a nova versão de “O Rei Leão” que, através da computação gráfica, reconstrói em detalhes realistas a fauna espetacular do Serengeti. Só que, na vida real, nenhum mandril ergue um leãozinho recém-nascido para que os outros animais lhe prestem reverência.
Simba, Nala e companhia são personagens antropomorfizados: agem feito seres humanos, com pouca relação com o verdadeiro comportamento de seus modelos em carne e osso.
Agora o público brasileiro vai ter a chance de ver essas criaturas em ação, filmadas “in loco”. A série “Serengeti”, que estreia neste domingo (25) no canal Discovery, às 22h50, traz imagens espantosas ao longo de seis episódios.
“Serengeti” traz credenciais de respeito. Um dos produtores é John Downer, que acumula mais de 30 anos de experiência em documentários sobre a natureza. Mas este projeto foi o mais desafiador de todos.
A ação na tela se desenrola ao longo de um ano, para que o espectador possa sentir o impacto da mudança das estações. Só que as filmagens levaram dois anos, com equipes enxutas – apenas 12 ou 13 pessoas – se revezando na locação.
O outro produtor é inesperado: Simon Fuller, que os brasileiros conhecem como o jurado implacável de programas como American Idol (formato, aliás, criado por ele). Fuller teve vontade de fazer algo como “Serengeti” depois de uma viagem à África, e cuidou pessoalmente da trilha da série.
Quem assina a música é Will Gregory, da dupla Goldfrapp. “Chegamos ao parque com roteiros traçando as histórias que queríamos capturar, quase como em um filme de ficção”, me contou Downer em uma entrevista por telefone.
Já estavam previstos os animais carismáticos que todo mundo sempre gosta de ver: leões, elefantes, guepardos. “Mas muitos outros bichos também são interessantes”, prosseguiu ele.
“Como os babuínos, que têm uma sociedade muito complexa. Ou os mangustos e as hienas, que geralmente são pintados como vilões”. O resultado é que esses roteiros prévios foram sendo modificados à medida em que o drama natural se desenrolava em frente às 11 sofisticadas câmeras levadas para África.
Como em outros documentários, os bichos que protagonizam “Serengeti” ganharam nomes humanos, para facilitar a identificação com o público. Esses nomes são em swahili, a língua mais falada da África Oriental, e todos têm significados.
A narração em off ficou a cargo de grandes atores negros. Na versão original britânica, é John Boyega, da franquia “Star Wars”. Na americana, é Lupita Nyong’o, que venceu um Oscar de atriz coadjuvante por “12 Anos de Escravidão”. E, aqui no Brasil, a impecável Zezé Motta.