Filhos de Bolsonaro passam vexame no Jogo das Três Pistas de Silvio Santos
Mas nada é mais constrangedor que a bajulação do apresentador ao governo
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
É mais do que notória a adesão de Silvio Santos a qualquer que seja o governo de plantão. O dono do SBT manteve, entre 1981 e 1996, o quadro A Semana do Presidente em seu programa dominical, só com notícias inócuas do mandatário da República. Também já instruiu o departamento de jornalismo de sua emissora a pegar leve com os governantes, ressaltando sempre o “lado positivo” de qualquer notícia.
Essa característica de SS tem se intensificado com o governo Jair Bolsonaro, com quem ele parece ter alguma afinidade ideológica. Junto com a Record, o SBT costuma exibir entrevistas com pessoas ligadas ao governo que pouco têm de jornalísticas, servindo mais de palanque para o entrevistado expor suas ideias (ou se defender de acusações, como foi o caso do motorista Fabricio Queiroz).
Também chama a atenção a frequência de Jair Bolsonaro e seu entorno imediato nos programas da emissora. É verdade que, desde Fernando Collor, todos os presidentes da República foram ao Programa Silvio Santos ou a outras atrações da casa. Mas nenhum teve a assiduidade do atual chefe do Executivo, que agora também se aplica a seus filhos.
No sábado retrasado (6), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) participou do quadro Para Quem Você Tira o Chapéu, do Programa Raul Gil. O parlamentar ficou mais de 40 minutos no ar, respondendo a perguntas óbvias e recebendo muitos agradinhos do apresentador.
Neste domingo (14), Eduardo e um de seus irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), também competiram no Jogo das Três Pistas, um quadro de perguntas e respostas do Programa Silvio Santos. Foi um vexame generalizado.
O constrangimento começou com o apresentador desafiando sua plateia a identificar a profissão dos convidados. Ele mesmo parecia duvidar que suas “colegas de trabalho” conhecessem os irmãos Bolsonaro. Se é assim, então por que Silvio convida nomes supostamente desconhecidos por seu público? Ora, sabemos por quê.
Ao entrarem no palco, Flávio e Eduardo foram recebidos com os esperados gritos de “lindo!” e chamados de “galãs” por Silvio. Mas não fizeram bonito ao responder às perguntas, quase todas facílimas e quase todas bastante mal formuladas.
Muitas dessas questões eram sobre ex-presidentes do Brasil. Surpreendeu o desconhecimento de ambos a respeito de figuras-chave como Getúlio Vargas ou quase qualquer outra figura anterior à ditadura militar (1964-1985).
Tampouco faltaram disparates em outras áreas. Eduardo Bolsonaro arriscou um “Fafá de Belém” a ser instado ao dar o nome de uma cantora nordestina natural da Paraíba. E Flávio, talvez preocupado com as acusações a que responde, demorava muito a responder, mesmo quando parecia saber a resposta certa.
Placar final: Eduardo venceu com 65 pontos, seguido pelo auditório, com 60 pontos. Flávio marcou pífios 18 pontos. Resta saber se os irmãos pontuaram no quesito popularidade, o verdadeiro objetivo da presença de ambos no programa (que foi gravado antes de o presidente anunciar que pretende indicar Eduardo para assumir a embaixada nos Estados Unidos).
Já Silvio Santos pretende ampliar o leque político entre seus convidados, mas só um pouquinho. Consta que uma das próximas edições do Jogo das Três Pistas trará Michel Temer e Fernando Collor se enfrentando. É difícil que os dois ex-presidentes consigam piorar ainda mais suas combalidas reputações, mas fica a dica: evitem esse provável vexame, senhores.