Tony Goes

Resultado do primeiro paredão sugere um BBB mais antenado

Elana, Rodrigo e Gabriela tiveram maior quantidade de votos a favor

Rizia pensativa momentos antes do início do programa de eliminação - TV Globo/Divulgação

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São Paulo

O vencedor do Big Brother Brasil seria um termômetro do humor nacional? Talvez. Em 2005, terceiro ano de Lula na Presidência, Jean Wyllys teve uma vitória surpreendente.

O primeiro candidato abertamente gay do programa ainda não era a figura polarizadora que viria a se tornar, e enterneceu muita gente com sua trajetória de “outsider”. Seria um reflexo do clima progressista que dominava o Brasil de então?

Mas a reação veio rápido. No ano seguinte, o campeão voltou a sair do molde rapaz-branco-hétero-de-classe-média, o protagonista por excelência no imaginário brasileiro: Diego Alemão, simpático e pegador. “Culpa” do escândalo do mensalão, que fez virar o vento liberalizante?

Mais recentemente, o BBB tem sido vencido quase que só por mulheres. Bonitas, desinibidas, de personalidade marcante – todos os requisitos para uma repórter do extinto Vídeo Show. Um sinal do avanço feminista na sociedade?

Esse raciocínio leva a crer que, nesses tempos que correm, o grande vitorioso do BBB 19 será um homem branco, conservador, religioso “do bem” e fã de música sertaneja. Não faltam concorrentes com este perfil no elenco atual. E, no entanto, os números do primeiro paredão contam uma história diferente.

Para quem está chegando agora: o BBB 19 deslanchou com um inédito superparedão. Nada menos do que 14 dos 17 participantes foram para a berlinda. E o público precisou votar não em quem gostaria que saísse, mas que ficasse. Um concurso de popularidade.

Boninho chegou a anunciar que não seriam divulgados os percentuais de voto que cada participante recebeu. Só ficaríamos sabendo o nome do eliminado. Muita gente reclamou, mas eu achei que isso deixaria o jogo mais interessante.

Só que, quando chegou a hora da eliminação, Tiago Leifert foi livrando a cara de alguns emparedados – e o porcentual de voto que a pessoa recebeu apareceu na tela, para o espectador (mas não para os próprios concorrentes).

Aí, o jogo ficou realmente interessante. Porque os três favoritos dos espectadores se encaixam com facilidade na cartilha do politicamente correto (para não dizer “marxismo cultural” ou outra besteira parecida). 

A engenheira agrônoma Elana (11,53%) tem opiniões firmes e uma beleza que passa longe das habituais gostosonas do programa. Rodrigo (11,19%), negro, gordo e meio afeminado, provavelmente seria expulso pelos colegas por causa de seu ronco, que não deixa ninguém dormir. E Gabriela (9,20%) não só é negra, como também é militante da causa negra. Ah, e também é lésbica assumida.

O que esses números querem dizer? Talvez nada. O BBB 19 mal começou e as preferências do público ainda podem variar muito. Mas é curioso que justo esses três, que fogem ao chamado “padrãozinho”, tenham tido votações tão expressivas. Será que foi por causa dos papos sobre feminismo, empoderamento e representatividade que dominaram a primeira semana do programa?

De qualquer forma, é tentador pensar que o vento está começando, mais uma vez, a mudar de direção. E – quem diria? – justamente na “casa mais vigiada do Brasil”.