BBB 19 estreia sem grandes surpresas, mas elenco parece bem escolhido
Entre os 17 participantes não há nenhuma 'samambaia': todos vão render
Boninho prometeu uma “bomba” para o primeiro episódio da 19ª edição do “Big Brother Brasil”. O sadismo do diretor já é bem conhecido. Qual seria a tortura inominável a que ele submeteria os concorrentes deste ano?
Um paredão. Só isso. OK, um paredão com 14 pessoas – apenas três terão imunidade. E o público votará em quem quer que fique (um “voto do bem”, segundo o apresentador Tiago Leifert). No final, só um dos 17 será eliminado.
Se fizermos as contas, veremos que a probabilidade de alguém sair de um paredão com 14 pessoas é muito menor do que de um paredão com apenas duas ou três. Se eu estivesse na “casa mais vigiada do Brasil”, respiraria aliviado: nada de prova de resistência logo de cara!
Nem prova do líder vai ter esta semana. O risco agora é termos 14 moscas mortas andando para lá e para cá, trocando amabilidades entre si e tentando cair nas graças do espectador.
Talvez isto não aconteça, mesmo que o clima de terror pretendido por Boninho não tenha se instalado. Porque o elenco deste ano me parece o mais sólido, o mais bem escolhido, de todas as edições do reality show.
Não que haja alguém realmente surpreendente entre os 17 selecionados. Eram 18, mas o gaúcho Fábio, que chegou a ser anunciado, foi desclassificado antes mesmo da estreia, e não foi substituído.
Aliás, a Globo faria muito bem em esclarecer as causas dessa eliminação. Comenta-se na internet que Fábio saiu porque tinha o patrocínio de uma marca de roupas, o que é proibido pelas regras do programa. Se foi isto mesmo, por que a emissora não confirma? O público não pode conhecer o regulamento? Este silêncio levanta a suspeita de que o verdadeiro motivo foi algo muito pior.
Mas voltando ao plantel de 2019: parabéns a todos os envolvidos. Aos próprios participantes, aos diretores de casting e até aos editores dos vídeos de apresentação, todos muito bons. Fiquei com a sensação de que, desta vez, não há nenhuma “samambaia” competindo: aquela pessoa que fica quieta num canto, rezando para não ser notada e fazendo fotossíntese.
O carioca Danrley é simpaticíssimo. A mineira Paula encantou o país ao assumir sua voz de taquara rachada. A baiana Carolina é uma força da natureza. E a carioca Hana, com seu veganismo e suas opiniões feministas, já é a rainha dos comentários nas redes sociais.
Pelo menos à primeira vista, não há ninguém repelente entre os 17 felizardos. Por outro lado, também não há surpresas. Foi-se o tempo em que uma transexual ou mesmo um gay era uma novidade. O BBB continua fiel ao padrão básico de malhados e gostosas, com alguns tipos exóticos para enfeitar.
As polêmicas já começaram. Dar a largada com uma corrida por um labirinto foi uma boa ideia para diferenciar a entrada dos outros anos, mas mal aproveitada. Faltou uma tomada geral do percurso, para o espectador saber quem estava onde.
E faltou um pouco de transparência no final: a dupla que chegou em primeiro, Vinicius e Rodrigo, foi punida porque a cordinha que os unia arrebentou logo no começo. Os dois ficaram de mãos dadas ao longo de trajeto – mas, segundo Leifert, tiveram algumas vantagens na prova, que teve seu resultado alterado. A imunidade foi para os segundos colocados, Gustavo e Danrley.
Esta revisão não afetou o humor de ninguém. Neste primeiro dia, a camaradagem ainda é generalizada. Não deu tempo para despontar o vilão, nem a chata que o Brasil inteiro quer esganar. Tenhamos calma.
Mesmo sem despertar fortes emoções, o BBB 19 estreou muito bem. Se o elenco cumprir o que promete, teremos uma grande edição – o que não é pouco para um programa que está completando 17 anos no ar.