Thiago Stivaletti

Kleber Bambam antecipou o bolsonarismo em 16 anos

Primeiro campeão do BBB já tinha lançado a receita de tosquice, falta de cultura, arrogância e gosto pela polêmica do nosso amado ex-presidente

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Kleber Bambam foi o primeiro ganhador do BBB - Instagram/bambamoficial

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São Paulo

Tem um povo que acha que televisão não tem nada a ver com política. Mas ontem (7), ao ver o primeiro episódio da série da Globo sobre a história do Big Brother Brasil, uma coisa ficou clara: Kleber Bambam, o primeiro campeão do reality em 2002, já continha a semente do bolsonarismo que eclodiria 16 anos depois.

Não que Bambam tenha declarado voto em Jair. Mas trata-se do mesmo tipo de cidadão: inculto, simplório, infantil em muitas declarações (passou o programa conversando com uma boneca tosca), ao mesmo tempo arrogante (ontem chegou a falar em "legado" que deixou no BBB e se comparou a Grazi e Sabrina Sato) e bem afeito a polêmicas para se promover.

Não dá nem para comentar. Sabrina e Grazi tiveram as carreiras mais fulgurantes da história do reality. Nos vídeos de infância de Sabrina, já dá para notar todo o seu carisma –ela lembrou que curtiu tanto a temporada na casa do BBB que não estava nem um pouco preocupada em ganhar o prêmio em dinheiro.

Das passarelas ao Emmy

Grazi, filha de pai pedreiro na cidade de Jacarezinho (PR) já tinha uma trajetória como miss antes do BBB 5 e saiu do programa tomando paulada ao começar a carreira de atriz em 2006. Nove anos depois, era indicada ao Emmy Internacional por seu excelente trabalho como a modelo viciada em crack de "Verdades Secretas" (2015). O mundo não gira, ele capota.

Enquanto isso, Bambam ainda se vangloria de ganhar corte de cabelo VIP em algum salão perto da sua casa.

Na ala dos anônimos, uma informação desconhecida por muitos: Cida dos Santos, a vencedora do BBB 4, ex-empregada doméstica em Mangaratiba (RJ), usou o prêmio de R$ 500 mil para comprar uma casa, mas tomou um golpe e perdeu o imóvel. Apareceu sorrindo e esperando a oportunidade de voltar ao programa. Brasileiro não desiste nunca, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.

Experimento de milhões

Bial lembrou a criação do formato em 1999 pelo holandês John de Mol a partir de um experimento científico que isolou pessoas num local para conviverem de forma experimental.

O holandês lembrou que ofereceu o formato de graça a uma emissora holandesa, já que os produtores não apostavam no sucesso. Meses depois, já começou a vendê-lo como pão quente para o mundo todo –hoje, já são mais de 60 países e mais de 500 temporadas exibidas.

(A Globo bem que gostaria de dizer que o nosso BBB é o mais duradouro do mundo, mas a versão americana segue à frente e fez sua 26ª temporada no ano passado, fora spin-offs especiais).

A novela preferida

Outra linha de raciocínio surpreendeu neste primeiro episódio: atribuir o sucesso do BBB ao fato de que ele emula a linguagem das novelas, misturando em sua receita o melodrama e a comédia.

"Quando o espectador identifica alguém sendo vitimizado, é meio caminho para ele ganhar", disse Pedro Bial, o primeiro apresentador, comparando os campeões às mocinhas dos folhetins.

Por incrível que pareça, Ricardo Linhares, coautor com Gilberto Braga de inúmeras novelas, apareceu falando mais do que Boninho. Ricardo lembrou de duas personagens que escreveu para Deborah Secco, a Darlene de "Celebridade" (2003) –manicure anônima que sonhava entrar para o BBB– e a Natalie Lamour de "Insensato Coração" (2011) –ex-BBB que vivia das migalhas da fama que restou.

Esse enfoque foi interessante porque lembrou o quanto o BBB perseguia a linguagem das novelas no início, mas depois as superou em sucesso e engajamento nas redes sociais.

Por fim, foi legal ver que a Globo não tentou esconder Marisa Orth, que apresentou a primeira temporada junto com Bial, não deu certo e caiu fora. Marisa gosta de brincar em entrevistas que deveria entrar para o Guinness como a apresentadora mais breve da história do Big Brother no mundo.

A maratona continua hoje (8), com Tina das Panelas do BBB 2, Solange "iarnuou" do BBB 4, Manu Gavassi do BBB 20 e muito mais. Vai ser impossível abordar todos os temas, mas já está funcionando como um bom aquecimento para o BBB 25, que estreia na próxima segunda (13).

"BBB – O Doc: Mais que uma Espiada"
Globo, de quarta a sexta, por volta de 22h25, depois de "Mania de Você"