Em tempos de polarização, passamos a acreditar que todas as brigas têm dois lados. Pois agora, assim como os casais viraram trisais, os debates viraram brigas de três.

Temos dois casos ocupando as manchetes e as rodinhas de fofocas. A primeira treta é formada por Neymar, Luana Piovani e Diogo Defante. O segundo, por Zé de Abreu, Maria Zilda e Murilo Rosa.

O tema do triângulo Neymar-Piovani-Defante envolve a PEC que, caso aprovada, segundo críticos, pode dificultar o acesso às praias com toques de virada de casaca. Explico: Neymar, cujo talento futebolístico é tão inegável quanto sua vocação para falar bobagem na internet, defendeu a ideia da privatização. Não se sabe se é porque ele faz questão de sempre estar do lado errado da história ou porque uma de suas empresas teria interesse em comprar alguns quilômetros de litoral. Fato é que ele apoia a ideia inaceitável dessa PEC.

Ao saber da posição de Neymar, Luana Piovani, nossa embaixadora do bom senso baseada em Portugal, gravou um vídeo e serviu um lindo balaio de opiniões sobre o jogador, referindo-se a ele como ignóbil, estrupício, ex-ídolo, péssimo cidadão e pai, entre outras observações.

O jogador não gostou, disse que Luana não tira o nome dele da boca, que "o tempo dela já passou" (etarismo?), que teriam que enfiar um sapato na boca dela. E, de uma forma bem machista, fez aquela acusação clássica que ela seria maluca e estaria em um hospício. E ainda insinuou que Luana estaria tentando "ficar famosa" às custas dele. Errou feio, menino Ney, errou rude.

E enquanto os dois batiam boca, veio o tuíte do terceirão Diogo Defante. Primeiro, fez uma piadoca sobre a privatização da "extremidade do seu falo", o que deixou Neymar pistolíssimo. Aí veio o exposed. Neymar contou que recebeu Defante em sua casa, porque o rapaz seria seu fã e queria conhecê-lo. Defante, então, pediu desculpas a Neymar. Só faltou dizer que era "pegadinha". Ao virar casaca, Defante tomou uma invertida de Piovani. O problema é que o argumento que Luana usou para contra-atacar foi algo físico, o olho que o humorista operou para corrigir sua pálpebra. Como resultado, a web meio que ficou contra todos os integrantes desse trio elétrico. E ainda teve provocação de Piovani para Scooby se posicionar (felizmente, ele é contra a privatização) e a entrada da sensata mãe de Luana, sugerindo que Neymar convide seus seguidores a votarem contra a PEC.

Neymar disse que vai processar Piovani, mas não se sabe se é bravata ou se ele vai mesmo levar isso a cabo.

O outro trio é diferente, porque são todos atores que se conhecem e que já trabalharam juntos. O embate começou por causa de um vídeo antigo, de 2020, em que Maria Zilda dá uma entrevista para Murilo Rosa e diz que Zé de Abreu tinha mau hálito e que teria sido horrível beijá-lo numa cena de novela. Zé, que não costuma levar desaforo para sua homepage, postou no Twitter que a atriz teria traído seu então marido com ele, Zé. E ainda mostrou-se indignado com Murilo, que não o defendeu quando Maria Zilda falou de seu "bafo". Murilo não gostou, reagiu, ameaçou abrir um processo, e Zé de Abreu deletou sua conta no Twitter.

De tudo isso, tiro duas conclusões. A primeira, que estamos vivendo tempos belicosos em que todos estão contra todos, atores, atletas, influenciadores, seguidores. A segunda, é que a solução pode estar numa inversão: as brigas deveriam ser privadas, enquanto as praias devem continuar sendo públicas. Para sempre.