Ainda é cedo para dizer que Davi vai ganhar o BBB 24, que ele é a melhor pessoa dessa edição. A intensidade da raiva que ele demonstrou quando brigou com Nizam, as palavras que ele usou na hora que explodiu, deixaram o Brasil com um pé atrás.

E, mesmo que algumas pessoas aleguem que Davi usou 'gírias regionais' e que não houve intenção de ofender, é quase unânime que o conteúdo de suas palavras estava carregado de homofobia estrutural, um mal que não podemos aceitar. Se a homofobia está arraigada em nossa cultura, a ponto de permear nosso vocabulário, cabe a nós arrancar essa erva daninha pela raiz. Homofobia mata e não pode ser relativizada.

Mas se um pé ficou atrás, o outro foi bem para a frente. O Brasil, através de Davi, parece ter dado um passo importante.

Davi ouviu, entendeu e se desculpou. E é assim que a gente avança, tomando consciência, mudando o ângulo de visão, se realinhando. A gente ouve falar o tempo todo de "pessoas em desconstrução". Pois o que vimos foi um exemplo disso na prática. Não sei se Davi vai conseguir em tão pouco tempo fazer uma reprogramação mental a ponto de alterar anos de lavagem cerebral machista que, infelizmente, faz parte da criação de milhões e milhões de meninos e meninas em nosso país; mas é um começo.

Um ótimo começo, aliás. Davi percebeu a importância que esse jogo tem para sua vida ao dizer que o fato de estar convivendo com tanta gente diferente é uma oportunidade de aprender e que, se ele for humilde, poderá analisar os defeitos dele que os outros apontam para aprender, consertar e seguir em frente.

Essa atitude não é o único ponto a favor de Davi. Ele também parece ser uma rapaz correto, justo, focado e verdadeiro. E, claro, para além dessas qualidades de caráter, ele também demonstrou todo seu talento e capricho ao preparar o banquete da xepa.

Diante de tudo isso, fica fácil entender que ele tenha atingido um milhão de seguidores no Instagram e que tanta gente esteja torcendo por ele. Davi representa um fio de esperança de um Brasil melhor, do jeito que queremos. Um Brasil que reconheça seus erros, suas injustiças sociais, seus preconceitos, seus atrasos e se disponha a mudar, a melhorar e crescer.