Rosana Hermann
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Até quando o BBB 24 é ruim ele educa o Brasil

Até numa edição confusa, com muita gente irritada e irritante, acontecem aprendizados

Wanessa Camargo e Yasmin Brunet em momento do BBB 24 - Reprodução/Globoplay

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São Paulo

A audiência pode subir, cair, melhorar, piorar, tanto faz. Fato é que o Big Brother sempre ditou e continua ditando os temas das conversas do Brasil. Tudo o que acontece com os participantes, tudo o que rola na casa vira pauta de site, de programa de rádio, de TV, de redes sociais. Vira assunto de conversa de boteco, de amigos, dentro das famílias.

Tem muita bobagem? Tem. Tem muita prova tonta? Tem. Tem gente insuportável que ninguém entende como foi selecionado? Tem também. Reality show é entretenimento, distração, passatempo, mas tem também um lado útil. Não que ele se proponha a ser didático em si, mas porque muitas pautas essenciais acabam surgindo a partir da convivência entre os participantes.

Algumas pautas progressistas são muito importantes, porque falam da luta da nossa sociedade contra o machismo, o racismo, a homofobia. A própria produção do programa evoluiu ao longo dos anos e passou a buscar uma maior diversidade e representatividade.

As conversas de heterotops equivocadíssimos que se acham no direito de comentar os corpos das mulheres têm sido muito apontadas e combatidas nas redes sociais.

Mas, dada à visibilidade do reality, qualquer coisa puxa assunto. Pode ser um prato preparado na casa ou um hábito cultural dos participantes. Nessa edição, por exemplo, através da cunhã-poranga Isabelle, conhecemos mais sobre o famoso Festival de Parintins.

Saúde mental também tem sido um tema recorrente nas últimas edições, assim como transtornos alimentares. Até hoje me lembro do tanto que aprendemos sobre bulimia por causa da Leka, do BBB 1. Ela chegou a lançar um livro em 2021, falando de sua compulsão. São esclarecimentos de saúde que podem ajudar muita gente. Até quem não gosta de reality tem que admitir que isso acaba sendo uma prestação de serviço muito importante.

Até conversas banais viram entrevistas com especialistas, como a conversa entre Bin Laden e Luigi sobre algumas figuras em neon do quarto, um caracol e uma minhoca. Os dois debateram se minhocas tinham ou não antenas e se as antenas em geral faziam parte do sistema auditivo. A resposta: minhocas não têm antenas e são surdas, cegas e mudas.

Mais recentemente, uma conversa ainda mais surpreendente virou tema no Twitter: a manutenção da casa colocou uma daquelas placas de banheiro que proíbem os usuários de subirem no vaso sanitário com os pés, para ficar acocorados durante suas necessidades fisiológicas. Ao ser avisada, Bia ficou preocupada, pois, ao que tudo indica, a placa foi colocada por causa dela. A partir daí, começou uma conversa sobre hábitos de diferentes lugares do Brasil, sobre a expressão 'ir aos pés' e até de países do mundo onde não há vasos sanitários, mas buracos ou louças que ficam no chão.

Para o bem e para o mal, o Big Brother pauta o Brasil. E até numa edição superpopulada, confusa, com muita gente irritada e irritante, acontecem aprendizados. Até quando o BBB é ruim, mesmo sem intenção, ele educa o nosso Brasil.