Sobre Ana Hickmann: Fama, fortuna e beleza não blindam mulheres de agressores
Apresentadora denunciou o marido, Alexandre Correa, por violência doméstica
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
No domingo, 12 de novembro, o nome de Ana Hickmann entrou para os assuntos mais comentados da rede "X", antigo Twitter, e de lá não saiu mais. Infelizmente, o motivo não foi o mesmo de 2017, quando todos nós brincamos e fizemos memes, rindo do tamanho da sala gigante de sua mansão. Dessa vez o assunto é seríssimo e envolve violência doméstica, registrada em um boletim de ocorrência que Ana fez numa delegacia de Itu. O agressor seria seu marido e empresário, Alexandre Correa.
A julgar pela gravidade do tema, pelo fato de a discussão ter acontecido diante do filho deles, pelos números alarmantes de violência contra a mulher no Brasil, pela popularidade de Ana e por todos os detalhes que vieram à tona, o assunto vai (e deve mesmo) continuar a ser comentado durante muito tempo. E mais: enquanto os jornalistas apuram os fatos e os policiais investigam o caso, todos nós, cidadãos conectados, pesquisamos tudo o que já foi publicado sobre o casal, afinal eles estão juntos praticamente desde que a internet existe aqui no Brasil.
Nessa busca coletiva, rapidamente foram revividos os casos em que Alexandre foi descortês (para dizer o mínimo) com Adriane Galisteu, seu incômodo com a apresentadora Chris Flores (ele "proibiu" Ana de se relacionar com ela), um caso de briga de trânsito envolvendo um motoqueiro (2015). Também foram exumados muitos tuítes e vídeos publicados nos perfis de Ana, mencionando acidentes domésticos ou revelando a forma indelicada com que Alexandre se refere a ela em diferentes circunstâncias. Sim, ele "trollou" Ana em algumas ocasiões e usou de ironia e fez brincadeiras ácidas com ela. Mas não é preciso ter diploma em comportamento humano para perceber que Alexandre não é nenhum gentleman. Ao contrário, a ex-manicure de Ana, Daniele Assis, falou dele nos seguintes termos: "pensa num homem grosso".
Passei muitas horas lendo publicações de Alexandre em seu perfil no Instagram e em canais de vídeos, mas assim que terminei a pesquisa vi que ele tinha apagado todos os posts. Todos. Deixou apenas aquela nota de "esclarecimento" sobre o caso em que ele diz que "sempre serviu a Ana como seu agente, com todo zelo, carinho e respeito", seguido de "como assim trato as sete mulheres com quem trabalho no meu escritório". Repare que ele se posiciona como agente e não como marido dela.
Mas sempre tem os prints, e nesse, Alexandre se diz um cidadão de bem que "exige seu direito de poder se defender" chamando armas de "vacina contra o crime", o que é muito discutível por estudiosos de violência urbana.
Nesse outro print, um tanto quanto grosseiro e preconceituoso, Alexandre publica uma frase em italiano que, traduzida livremente, diz: "Na vida só avançam os falsos, as putas e as pessoas de merda". O comentário dele "para que(m) servir a carapuça. Boa noite."
Ana também apagou seus posts com ele e, ao que tudo indica, muita coisa ainda vai ser deletada da internet. De qualquer forma, ser mal-educado, grosseiro, desagradável ou descortês não é crime. Mas bater e ameaçar uma mulher é, sim. Um crime de violência que precisa ser investigado a fundo, ouvindo depoimentos de colaboradores, familiares para saber, inclusive, se existem antecedentes.
Torcemos todos para que Ana fique bem, se recomponha e tome a melhor decisão para sua vida. A alguns amigos da emissora onde trabalha, Ana teria dito que vai pedir o divórcio. A assessoria não confirma a informação, mas ela apresentou o Hoje em Dia na segunda-feira (13) sem a aliança de casamento.
Por enquanto, fica a certeza de que todas nós, mulheres, precisamos continuar lutando juntas. Porque nem fama, nem fortuna, nem beleza nos blindam contra a violência doméstica, o assédio, a desigualdade, a opressão.
Os agressores precisam ser punidos, a sociedade precisa produzir homens melhores, pessoas melhores. Para que casas não se transformem em cativeiros. Para que casamentos não se transformem em sequestros de nossos corpos e nossas almas.