Rosana Hermann

A mãe funkeira deveria ir para A Fazenda

Seria uma excelente experiência social e antropológica

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A gente já viu esse filme tantas vezes que é quase uma Sessão da Tarde: a pessoa posta um vídeo em suas redes sociais, viraliza, vai parar num programa de TV.

Se for uma coisa fofa, divertida, inusitada, a pessoa pode dar entrevistas em programas matinais e aparecer em jornais locais e canais por assinatura, na linha do Manoel Gomes do Caneta Azul e o famosíssimo Luva de Pedreiro, com seu bordão "Receeeeba".

No caso de crianças, elas podem estrelar campanhas publicitárias, como aconteceu com a Alice, que fala palavras difíceis, e Juju Teófilo, fofa e espertíssima. Sem contar os influenciadores que conseguem sair do online direto para a principal novela da Rede Globo, como no caso de Jade Picon.

Já os vídeos chocantes, mostrando acidentes, contravenções, são exibidos em programas sensacionalistas ou telejornais noturnos. Agora, se for alguma coisa mais ligada a "costumes", como polêmicas, brigas, relacionamentos ou quebra de padrões, aí a coisa muda: a protagonista pode ser contratada para participar de um reality show. Um exemplo recente é a lutadora Maria Oliveira, que viralizou por invadir a festa de aniversário da Anitta e foi convidada para o reality show da Record, a Grande Conquista. Durou pouco, foi eliminada, mas teve seu momento "TV aberta".

Nada se compara, no entanto, à história da "mãe funkeira", Brenna Azevedo, que dançou de vestido transparente na festinha de aniversário da filha, o que mexeu com a sociedade brasileira por misturar temas tradicionais e conservadores, como festinha de aniversário, infância e maternidade com hashtags mais modernas e mundanas como funk, bebida e sensualidade. Depois de viralizar indo até o chão, surgiu outro vídeo de Brenna, dançando em cima de um carro. Brenna respondeu a tudo isso dizendo que está assustada. Acredito. Mas também deve estar deslumbrada e curtindo a fama súbita. Já a resposta das redes sociais foi unânime: Brenna deve ir para a próxima edição de A Fazenda.

Mãe dança Anitta na festa de sua filha - Reprodução/Twitter

Eu torço para que ela vá. Não porque eu tenha algum interesse particular em vê-la ficar rica e famosa, ganhando seguidores e fazendo publis, mas porque seria uma excelente experiência social e antropológica. Teríamos a chance de conhecer melhor uma personagem jovem que está vivendo toda a potencialidade midiática que tantos desejam, desfrutando de um superpoder que nós conferimos a ela.

Sim, porque Brenna estava lá vivendo e publicando sua vida de jovem mãe sonhadora, emulando a sensualidade de artistas famosas, buscando aplausos de uma pequena plateia de convidados na festinha da sua filha, que ela mesma promoveu.

Fomos nós que a tiramos de sua bolha e ampliamos seu alcance. Fomos nós que a catapultamos para o estrelato. Seria apenas justo dar a ela a exposição total. Ela se relevaria ao máximo e nós teríamos a chance de conhecer melhor essa pessoa, seja ela quem for, seja ela como for, não importa. Seria, inclusive, uma questão de justiça temporal: afinal, Brenna habita o planeta há 27 anos e foi apresentada e julgada por dois vídeos de trinta segundos.

Rede Record, contrate a Brenna para A Fazenda.

Certeza de que, se vocês servirem festa, ela vai servir entretenimento.