Todo dia eu vejo alguém postando que ‘não aguenta mais esse BBB’, que só tem gente chata, que não vê a hora que acabe, que não tem para quem torcer, que todos podiam ser eliminados que não faria a menor diferença, que Boninho errou a mão, que escolheu o pior elenco da história dos realities. Em outras palavras, esse seria o BBB de centavos.

E, no entanto, há um exército inteiro, imenso, de fãs torcendo pelo "pãozinho", o marido da Maíra Cardi, o cantor, o ex-rebelde, o "Rei Arthur". Uma "army" que não admite críticas, que não aceita argumentos, que se pudesse eliminaria o próprio Boninho do programa. E que conta não também com a torcida de artistas, influenciadores e apresentadores de TV.

A torcida é tanta que um analista de BBB chegou a chamar Arthur de "Vencedor Virtual dessa edição". Já uma vidente foi consultada e disse que Arthur não ganha. Enquanto todos tentam prever o futuro, o que vemos no presente é que a mobilização para que ele ganhe o prêmio é realmente gigante.

​E o gigante grita, berra e ameaça sempre que Arthur não é favorecido, como aconteceu na terça-feira (29) depois da exibição do vídeo feito para Arthur, nao programa, que não era nem um pouco favorável a ele. Teve levantamento de tag, xingamento a Boninho e até ameaça de boicote à emissora. (E aqui a gente se pergunta onde as pessoas que boicotassem a emissora assistiriam ao programa, mas, enfim.)

E por que Arthur tem tanto apoio aqui fora? Porque ele é um modelo de conduta? Um marido exemplar? O melhor pai do mundo? Um cara simpático com todos? Um ser humano iluminado? Não o conheço pessoalmente para poder analisar ou julgar seu caráter ou personalidade. O que sei dele é o que todo mundo sabe pelas redes e pelas telas.

Mas de uma coisa eu sei, uma das coisas que mais conta a favor é que Arthur é um cara bonito. Boa pinta, gatinho. E, coincidentemente, numa gíria muito antiga, ele também seria chamado de ‘pão’. Além disso, Arthur canta bem e já foi ídolo teen. É um ex-Rebelde. E isso conta muito, especialmente considerando-se o imenso público jovem (e feminino) do programa. Na linguagem marqueteira, Arthur é ‘aspiracional’.

P.A. também é muito gato, mas é atleta, não tem o apelo de ator protagonista como Arthur. P.A. também não é personagem das redes, como no caso de Arthur, que com histórias positivas e negativas está sempre sob os holofotes também por causa de Maíra Cardi. Em outras palavras, Arthur é o macho alfa branco hétero galã aspiracional de toda uma geração. Um pãozinho de milhões.

Essa é a ala, digamos, do estabelecido. Do padrão. Do mundo como ele está. Mas há uma outra força atuante, a força da transformação, que luta para quebrar padrões e abrir espaço para a diversidade. E essa força luta para que Lina ganhe o programa. Lina e tudo o que ela representa. Lina e sua batalha tão grande que tem que esclarecer até os pronomes pelos quais quer ser chamada. Lina nos traz sua amorosidade, seus conselhos e sabedoria.

Tá, ela joga mal, não é nem de longe a estrategista que é Arthur. Mas é muito querida e tem uma torcida muito grande também, porque Lina represente a luta de muitos, a luta de como o mundo poderia ser. São essas forças que vão determinar não só o vencedor ou vencedora, mas também que força domina aqui fora. O vencedor do BBB poderá mostrar quem somos e que futuro queremos.