Aprenda a cozinhar pimentão recheado à moda da Sérvia, 1º adversário do Brasil na Copa
Punjena paprika reúne influências diversas, mas parece comida de vovó brasileira
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Eu me propus a trazer, a cada semana, a receita de um país participante da Copa do Mundo. Nem sempre essa é uma tarefa fácil, pois tem países sobre os quais eu conheço bem pouco. Nesta semana, por exemplo, eu quis homenagear o primeiro adversário do Brasil: a Sérvia. Onde arrumar uma receita de lá?
Por um golpe de sorte absurdo, eu fiz amizade recentemente com a Sandra, sérvia de Novi Sad que mora em São Paulo. Pedi para ela uma sugestão e fui atendido prontamente: punjena paprika, pimentão recheado com carne e arroz, cozido no molho de tomate e servido com purê de batata.
A Sandra me enviou uma receita, mas eu fui procurar outras para pinçar o que me agrada mais em cada uma delas. Um site dizia que o tal pimentão é da Bósnia; outro, que se trata de uma receita da Croácia. Peraí: não era para ser da Sérvia?
A configuração geopolítica e cultural dos Bálcãs, região que um dia uniu todas essas nações na Iugoslávia, é um rolo só. A própria Sandra é uma sérvia que nasceu em Montenegro e tem a maior parte da família na Croácia.
Esse mosaico de países tem influência cultural –e gastronômica, por consequência– dos vizinhos e ainda dos impérios que invadiram a região no decorrer da história. Assim, a cozinha sérvia compartilha pratos com a Bósnia e a Croácia. E a gastronomia dos três países traz elementos turcos, austríacos, húngaros, gregos e italianos, entre outros.
Enfim, uma babel de nações para apresentar um pimentão recheado que tem toda cara e jeitão de comida de avó brasileira. Os ingredientes são todos banais. Nos Bálcãs, eles usam uma espécie de pimentão branco-esverdeado que não se acha por aqui, mas todas as receitas dizem que ele pode ser substituído sem prejuízo por pimentões vermelhos ou amarelos. Ou seja, maduros: pimentão verde tem uma pegada mais agressiva que pode não ornar no prato.
Algumas receitas pedem para acrescentar arroz cru ao recheio, mas uma delas me alertou que isso pode resultar em desastre. O arroz cresce muito quando cozinha, e o aumento de volume pode estourar o pimentão. Por outro lado, se o arroz já estiver cozido, ele corre o risco de virar uma maçaroca no final.
A solução é cozinhar o arroz pela metade, o que é muito simples: em vez de usar duas medidas de água para um de arroz, use duas medidas iguais. Quando a água secar, o arroz está duro, mas já suficientemente inchado. Não use tempero algum neste processo.
Embora esta seja uma receita para quatro pessoas, a quantidade de recheio dá para muito mais. Isso porque um ovo é necessário para dar a liga: é muito complicado dividir um ovo pela metade. Se reduzir a carne e o arroz, um ovo inteiro será coisa demais.
Você tem a opção de dobrar a quantidade de pimentão e molho para aproveitar o recheio extra. Também dá para congelá-lo ou, como eu fiz, bolar umas almôndegas de carne e arroz para comer mais tarde. Assei as minhas na air-fryer e congelei depois.
Você deve deixar o pimentão cozinhar em fogo baixo, sem ferver muito forte nem mexer com a colher, pois ele pode explodir. Quando estiver macio, deixe esfriar um pouco enquanto o molho engrossa. Depois de alguns minutos, tire cuidadosamente a pele do pimentão: assim ele fica bem mais fácil de digerir.
Sandra, a amiga sérvia, está na Tailândia (viaja, a moça!) e não pôde atestar a autenticidade da minha receita. Mas eu lhe mandei uma foto pelo WhatsApp e recebi de resposta uns emojis de mãozinhas batendo palmas. Acho que funcionou.
PUNJENA PAPRIKA
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: média
Ingredientes
½ xícara de arroz
1 cebola grande
3 dentes de alho
1 colher (sopa) de salsinha
1 batata, descascada e picada
500 g de carne moída
1 ovo
4 pimentões pequenos, vermelhos ou amarelos
2 colheres (sopa) de azeite ou banha de porco
1 colher (sopa) de páprica doce
1 colher (sopa) de farinha de trigo
500 g de polpa de tomate
Sal e pimenta-do-reino a gosto