De faixa a coroa

'Não me acho sexy', diz Henrique Martins, antes de passar faixa de Mister Brasil

Nadador olímpico que esteve em A Fazenda fala do ano de reinado e comenta fotos com nudez

Henrique Martins, o Mister Brasil CNB 2023 - Ricardo Siviero

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São Paulo

Um ciclo está chegando ao fim. Na noite de sábado (6), o paulista Henrique Martins, 32, atual Mister Brasil CNB, passa a faixa de mais belo do país na final da edição 2024 do concurso. O nadador olímpico, que sempre teve o esporte como guia em sua vida, fez bonito e deslanchou no mundo das faixas e coroas. Tanto que seu reinado masculino é considerado o de maior sucesso nos últimos anos no país.

Logo após ter se classificado como vice-campeão do mundial Mister Supranational 2023, em julho passado na Polônia, ele entrou para o elenco da edição mais recentedo reality show A Fazenda (Record). "Apesar de não ter vencido o programa, muitas portas se abriram, e estou tentando aproveitar ao máximo cada uma delas, desde que estejam alinhadas com meus valores e objetivos", conta ele em entrevista exclusiva para a coluna.

"Não me acho bonito e nem sexy. Me acho um cara interessante. Me vejo como um Mister Brasil um pouco fora do padrão ao que o pessoal estava acostumado. Mas acredito que o que fez a diferença é que sempre fui muito comprometido e dei o meu melhor em tudo que fiz neste período", afirma.

Recentemente, um ensaio dele de nu artístico repercutiu nas redes, mas Henrique reforça que não é nu explícito, algo que não é permitido para um Mister Brasil. "Como mister, eu jamais faria isso e é algo em que não tenho interesse. Essas fotos foram uma proposta do fotógrafo. Ele já havia feito ensaios do tipo com outros atletas, focando no corpo como forma de saúde. Eram para mim mesmo, mas ficou tão bonito que permiti que o fotógrafo divulgasse", explica.

O rapaz, natural de Campinas (SP), despontou na natação logo cedo e competiu pelo país nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, onde foi finalista em uma das categorias. Formado em publicidade, ele sempre fez um ou outro trabalho como modelo, o que também ajudou nos concursos.

Confira abaixo a entrevista completa.

Como você avalia seu reinado como Mister Brasil?
Foram 12 meses muito intensos e aconteceu muita coisa na minha vida. Não esperava que ser Mister Brasil fosse trazer tantas aventuras. Olhando para trás, desde que recebi a faixa até este momento, eu diria que fiz o melhor possível que estava ao meu alcance. Me dediquei ao máximo para os compromissos de reinado, me preocupei muito com a responsabilidade de carregar a faixa e de estar também sempre de acordo com os meus valores. Acredito que consegui mostrar que o concurso de Mister Brasil é muito mais do que estética, que não é algo fútil e que, hoje em dia, trabalha com diversos aspectos da pessoa para entender quem vai representar da melhor maneira possível o país no mundial.

O que mudou desde que você embarcou no mundo das faixas e coroas?
Vejo muita evolução em mim. Eu sou um cara tímido, então ter encarado esse desafio de sair da minha zona de conforto, de ficar em cima de um palco e ser julgado pelas pessoas, mostrando minhas virtudes e fraquezas, é algo que exigiu muito empenho e trouxe muita satisfação. Hoje acredito que consigo explorar outros aspectos da minha vida por causa desse desafio do Mister. Me fortaleceu muito como pessoa e sou muito grato por ter tido essa experiência na minha vida. Recomendo muito, pois vejo que foi uma jornada de autoconhecimento e muito especial para mim.

E como você se sente encerrando o reinado?
O reinado sem dúvida é um divisor de águas na minha vida e estou com um sentimento de dever cumprido. Vou passar a faixa feliz e com bastante gratidão, pois ser Mister Brasil trouxe coisas bacanas das quais eu usufruí e aproveitei bem. Quero muito que outras pessoas tenham essa oportunidade também, da qual eu vou lembrar sempre com muito carinho. Estou ansioso para saber quais são as próximas aventuras e desafios que eu vou encarar agora.

Se pudesse, teria feito algo diferente?
Me sinto muito tranquilo em relação a isso, pois não me arrependo de nada e vejo que todos os esforços como Mister Brasil trouxeram aprendizados e resultados positivos. Sempre fiz questão de participar de todos os compromissos, de fazer amizades e networking, e isso ajudou muito a cumprir a promessa que fiz ainda como Mister São Paulo de que faria o melhor possível a todo momento, com muito empenho e dedicação.

Você acha que ser Mister Brasil te ajudou a entrar em A Fazenda?
Com certeza o Mister Brasil foi a peça-chave para eu receber esse convite para o reality. Inclusive, eu estava na Polônia, um dia antes da final do mundial Mister Supranational, quando fiz a entrevista para A Fazenda. É evidente para mim que a exposição do título chamou a atenção deles.

Como foi a experiência no reality?
Eu gosto de falar que foi a experiência mais doida e gratificante da minha vida, que eu nunca esperava que fosse viver um dia. Lá dentro foi muito bacana, convivi com pessoas que eu nunca conheceria se eu estivesse fora do reality. Aqui fora, eu passei a não habitar apenas as bolhas do esporte e dos concursos de beleza, e ganhei uma visibilidade maior, nacional. Gosto de atribuir um ditado de um amigo a isso tudo, que é "a vida não tem replay", que me leva sempre a viver o melhor, da melhor maneira possível, todos os dias.

Como lidou com o aumento da exposição nas redes sociais?
Participar de um reality show na TV aberta tem a consequência de trazer uma exposição muito grande, e a gente acaba ficando suscetível a ataques de ódio e comentários negativos na internet. Eu, para ser sincero, tive muita sorte, pois o pessoal que me acompanha nas redes sociais é supercarinhoso, me apoia muito, manda mensagens positivas. Me sinto abraçado pelo público. Quando um ou outro foge a essa regra, com um posicionamento mais agressivo, eu às vezes mando mensagem e tento dialogar para entender o porquê dessa mensagem. Entendo que um ataque de ódio diz muito mais sobre a pessoa do que sobre a vítima.

Como você vê a relação dos concursos de beleza e das redes sociais com a saúde mental?
Eu mesmo já tive problemas de depressão no passado, então sei da importância de priorizar isso na nossa vida. Vamos deixando de escanteio e, de repente, já perdemos a produtividade e a alegria com as pequenas coisas. É algo que a gente tem que discutir e que precisa estar sempre em pauta, em qualquer setor. No caso dos concursos, acho que é uma responsabilidade não só da organização, na forma como blinda seus candidatos, mas também do mister e da miss, sobre como estão se expondo. Sempre bater na tecla de que os concursos hoje em dia não são apenas sobre aparência é muito importante não só para valorizar as competições, mas principalmente para humanizar os perfis, mudar a forma como as pessoas as enxergam e contribuir para minimizar os impactos na saúde mental.

A que você atribui sua trajetória de sucesso nos concursos de beleza?
Eu me pergunto muito sobre isso, pois não acreditava que eu poderia chegar tão longe. Acho que o principal, que eu foquei bastante, foi ser o mais genuíno e autêntico possível. Durante as etapas, fiz questão de fazer amigos e mostrar quem eu era. Me preocupei muito também em como agir, em meus discursos e posicionamentos. Afinal, a figura do mister tem o papel de influenciar de uma maneira positiva a sociedade, não só através de discurso, mas por meio de ações também. E, talvez, os jurados ao longo dos concursos tenham visto isso e tenham achado bacana, o que me permitiu ir até a Polônia e ficar no segundo lugar do mundial.

Você acha que, após os concursos e o reality, sua imagem foi sexualizada nas redes sociais?
Adoro receber elogios, é superválido. Acho que é normal as pessoas sexualizarem as pessoas que têm suas imagens com alta exposição, como aconteceu comigo, principalmente depois de um reality show em TV aberta. Eu não vejo problema nisso desde que isso não anule as minhas outras características como pessoa. Se isso não passar a mensagem que eu sou uma pessoa fútil, tudo certo. Eu tenho uma história e passei por diversas áreas, diversas profissões.

Você se acha um homem sexy?
Não me acho bonito e nem sexy. Me acho um cara interessante. Me vejo como um Mister Brasil um pouco fora do padrão ao que o pessoal estava acostumado. Mas acredito que o que fez a diferença é que consigo dialogar bem e gosto de olhar no olho da pessoa com quem eu estou falando. Sempre fui muito comprometido e dei o meu melhor em tudo que fiz neste período.

Recentemente você fez fotos de nu artístico, como foi isso?
Importante falar que não são fotos de nu explícito, pois, como mister, eu jamais faria isso e é algo em que não tenho interesse. Essas fotos foram uma proposta do fotógrafo, ao final de um ensaio que fiz com ele. Ele já havia feito ensaios do tipo com outros atletas, focando no corpo como forma de saúde. Eu topei, pois levei como mais uma jornada de autoconhecimento, já que eu nunca tinha explorado esse lado meu, sempre fui tímido e tinha autoestima baixa. Não foi nem para postar, era para mim mesmo, mas ficou tão bonito que permiti que o fotógrafo divulgasse. Acho também que eu tenho várias vertentes, posso ser publicitário, atleta, mister, apresentador, ator, modelo... Gosto de ser visto como uma pessoa plural.

Quais seus próximos planos depois do concurso?
Vou atuar agora em uma peça de teatro em São Paulo, ainda neste mês. Tem algumas possibilidades em diferentes áreas. Recebi convite para voltar para a área da publicidade, para TV… mas o que tem feito meus olhos brilharem ultimamente é atuar na gestão pública, mas ainda estou avaliando se é o momento, pois vejo isso como uma grande missão de vida, algo que realmente pode fazer diferença de maneira mais grandiosa. Estou estudando, quero estar preparado se acontecer.