Zapping - Cristina Padiglione

Futebol feminino ganha fôlego na audiência da TV

Globo vê crescer plateia no segmento, enquanto ESPN faz documentário sobre a história da modalidade

Formiga, a jogadora mais longeva da seleção brasileira de futebol feminino - Divulgação ESPN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Ignorado pela TV e mídia, de modo geral, até bem pouco tempo atrás, o futebol feminino ainda tem muito a conquistar para se igualar ao masculino no que diz respeito à grana. Patrocínios, salários e direitos de transmissão ainda estão a anos-luz das apostas feitas em nome da bola movimentada pelos homens. Mas se essa discrepância nunca pareceu mostrar sinais de redução, agora há uma movimentação nesse cenário, com avanços nunca antes vistos.

Enquanto a Globo registra um crescimento significativo de público para o Brasileirão feminino, a ESPN, mesmo sem os direitos do campeonato e da Copa do Mundo Feminina da FIFA, lança em julho, pelo canal e pela plataforma Star+, o filme original "Gerações – A Evolução do Futebol Feminino no Brasil".

Nas quartas de final do Campeonato Brasileiro Feminino, a TV Globo alcançou 36,7 milhões de pessoas diferentes, uma soma de duas datas de transmissões que supera os 20 jogos exibidos pela Band, no ano passado, quando a emissora paulista impactou 31,1 milhões de espectadores em toda a competição.

Só no domingo (25), cerca de 18 milhões de pessoas passaram pela TV Globo para acompanhar os jogos que valeram as classificações de São Paulo, Santos e Ferroviária para as semifinais.

Na ESPN, "Gerações - A Evolução do Futebol Feminino", tem criação da própria equipe do canal e se propõe contar a história do esporte por meio das experiências de cinco jogadoras profissionais que atuaram em diferentes épocas e contextos sociais. Roseli, Formiga, Rosana, Andressa Alves e Tarciane trazem o olhar de cada geração, falam sobre as mudanças na modalidade e como ela vem servindo à transformação social.

A estreia está marcada para terça-feira (4), às 22h.

Com 54 minutos de duração, o docufilme traz entrevistas especiais comandadas por Ivana Negrão, com cinco jogadoras, uma de cada geração, dos anos 1980 até 2020. As personagens são apresentadas na voz de Elaine Trevisan.

O futebol feminino cada vez abraçado por mais gente já foi jogo proibido no país, entre 1941 e 1970, elemento que suscita no enredo o debate sobre machismo e homofobia que permeiam a prática do esporte no Brasil e a luta das profissionais da modalidade para conquistar o respeito da sociedade e incentivos.

O filme revela as dificuldades enfrentadas pelas meninas, ressentimentos e cicatrizes de um período complicado para as mulheres que desejavam viver como atletas profissionais do esporte que amam.

"Gerações – A Evolução do Futebol Feminino no Brasil" foi idealizado por Paulo Cobos e é um projeto desenvolvido pela equipe brasileira de audiovisual da ESPN, com roteiro de Wagner Patti e Ivana Negrão, produção de Marcella Azevedo, direção de Wagner Patti e edição e finalização de Juliana Cunha.

O docufilme original é bom aperitivo para a Copa do Mundo Feminina da FIFA que será disputada de 20 de julho a 20 de agosto. As plataformas Disney não terão a transmissão do evento no Brasil, mas prometem extensa cobertura da competição, com Elaine Trevisan, Mariana Spinelli, Mariana Pereira e Natalie Gedra in loco na Austrália e Nova Zelândia, edições especiais do Mina de Passe, primeiro programa semanal da TV brasileira a debater exclusivamente o futebol feminino, e boletins diários do torneio em todos os programas jornalísticos da emissora.

As personagens entrevistadas no filme são:

_ Roseli de Belo, 53 anos, ex-futebolista brasileira que atuava como atacante. Fez parte da primeira geração de atletas convocadas pela Seleção Brasileira, em 1988. Esteve na edição inaugural da Copa do Mundo Feminina e na estreia das mulheres do futebol nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.

_ Formiga, 44 anos, ou Miraildes Maciel Mota, a jogadora mais longeva da Seleção Brasileira (entre 1995 e 2021). Negra, baiana e lésbica, esbanja representatividade. Pegou diferentes fases do futebol feminino, o início quando nem salário as jogadoras recebiam, até hoje. Atuou na época em que as jogadoras da Seleção precisavam seguir certos atributos de "feminilidade", como cabelos longos e combateu esses paradigmas impostos pelos dirigentes.

_ Rosana, 41 anos, uma das atletas com a maior diversidade de títulos da história mundial. Além de ser medalhista olímpica, campeã dos Jogos Pan-Americanos e vice-campeã do mundo, acumula títulos como: campeã da Champions League, da Libertadores da América, da Liga Norte-Americana, do Mundial de Clubes, da Copa França, do Campeonato Austríaco, da Universíade, do Campeonato Sul-Americano e do Campeonato Brasileiro. Anunciou sua aposentadoria em janeiro de 2019 e hoje é técnica do time feminino do Red Bull Bragantino.

_ Andressa Alves, 29 anos, titular da seleção brasileira, já passou por Juventus, Ferroviária, São José, Boston Breakers, Barcelona, Roma e atualmente está no Houston Dash, nos Estados Unidos. Em 2021 se casou com a também jogadora Fran. Nascida nos anos 90, carrega experiências de atuar com as jogadoras mais velhas, como Formiga e Cristiane, ao mesmo tempo em que vem de uma geração mais aberta à orientação sexual de cada um.

_ Tarciane, 20 anos, atua como zagueira central do Corinthians e da seleção feminina do Brasil.