Zapping - Cristina Padiglione

Masterchef por um dia: minha experiência na cozinha do reality

Dificuldade com equipamentos e pressão para cumprir prazo fazem do desafio um aprendizado

Busco meu avental para encarar a prova de entregar uma torre de panquecas doces em 20 minutos: será que dou conta? - Divulgação Band

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São Bernardo do Campo (SP)

Cozinheira amadora que sou, entrego resultados nada além de razoáveis em uma dezena de pratos salgados e no máximo três sobremesas. Esse restrito repertório, somado à cara de pau que todo repórter deve ter por vocação, já me animaram a aceitar uma proposta da equipe de comunicação da Band para encarar um desafio em uma das bancadas de cozinha do suntuoso cenário do Masterchef Brasil, melhor reality de culinária da TV, gravado nos Estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP).

Eu só não contava com o pacote completo do ritual, ou seja, a presença do elenco do programa, formado por Ana Paula Padrão e os jurados, renomados chefs de cozinha, a saber: Erick Jacquin, Helena Rizzo e Rodrigo Oliveira --que substitui Henrique Fogaça na temporada que estreia nesta terça-feira, 2 de maio.

Até microfonados os jornalistas ali convidados foram, sendo devidamente orientados para não falarem bobagens enquanto cozinhavam. Além de gravada, a cena toda estava sendo transmitida ao vivo a afiliadas da Band por meio de um link.

Formamos duplas sorteadas na hora, e foi sorte minha ter caído com a jornalista Tamara Gaspar, da revista Caras, que sabia fazer panquecas, item que não frequenta meu cardápio de míseros talentos culinários. Quando os chefs apresentaram duas lindas torres de panquecas cobertas com chantilly, frutas vermelhas e calda de chocolate como exemplo do que deveríamos fazer, pensei: não é possível, é pegadinha.

Foi ilusão imaginar que pediriam algo mais básico, mas o que é um chantilly batido à mão e uma dezena de panquequinhas, feitas à base de farinha de trigo e alguma coisa a mais para Jacquin, Rizzo e Oliveira? Isso, para eles, é ovo cozido, o básico do básico.

Pensei em abandonar o avental nessa hora, como sempre acontece quando embarco em missões desconhecidas sem calcular riscos, mas me dei a oportunidade de me educar nesse sentido e honrar o compromisso assumido, indo até o fim.

Como meu ofício é escrever e não cozinhar, tudo bem, pensei: minha reputação não será assim tão abalada, e posso até me divertir ouvindo os gritos de Jacquin para maneirar no açúcar do chantilly e conferir a textura do creme virando a tijela sobre a cabeça, como ele sugeriu. Disse o chef que esse era o teste bom: se o creme não despencar é porque está no ponto. Teríamos todos protagonizado então um momento de Passa e Repassa, gincana do outro canal onde a torta na cara e nos cabelos é praxe.

O fogão elétrico, moderno demais para esta cozinheira artesanal, foi um obstáculo para mim e Tamara. Não conseguíamos sequer ligar a chapa, quanto mais entender onde aumentávamos ou diminuíamos o calor que deveria transformar o creme em panqueca de fato. Ana Paula Padrão depois avisou que isso faz parte do jogo: todos os candidatos que chegam ao programa enfrentam inicialmente as inseguranças com equipamentos e território que lhes são desconhecidos.

A apresentadora Ana Paula Padrão exibe as torres de panquecas que inspiram o desafio dado a um grupo de jornalistas no cenário do programa - Divulgação Band

E a pressão que ela faz junto aos ponteiros do cronômetro? "20 minutos", "10 minutos", "5 minutos", "2 minutos, "1 minuto" e "vamos empratar!": Quem não entregar o prato na bancada diante dos chefs estará fora da competição. "Entrega o que tem", ela ordena. Nós obedecemos.

É pior que deadline de redação de jornal impresso, onde você tem que cumprir prazos e honrar fluxos de páginas para não atrasar o trabalho da gráfica, exercício no qual acumulei péssima reputação ao longo de 30 anos de jornal.

Mas se me acanho em entregar textos mal finalizados e me empenho em reduzir os riscos de erro na atividade da informação, o mesmo não se aplica à gincana culinária, e lá vamos eu e Tamara entregar o que temos. Garfa daqui, garfa dali, Jacquin arrisca: "Não está ruim". Pronto, isso já é a glória.

Dado o veredito de 1º lugar incontestável para as colegas Larissa Isabella, do site Estrelando, e Natália Rampinelli, do site Famosando, que entregaram dez panquequinhas bonitinhas, com recheio e chantilly, arrisco-me a provar nossa obra. "Não tá ruim", digo, e abraço Tamara com o afeto que só dedicamos aos soldados conhecidos na trincheira.

Não foi ruim, repito para mim. Seguir até o fim sob a pressão alheia e uma pitada de humilhação que faz parte do show tem lá seu aprendizado, fora a adrenalina.

Embora seja espectadora assídua do programa, só ali na bancada é que me dei conta do tamanho do desperdício que toda essa produção comete em meio ao arsenal de embalagens abertas em várias bancadas para a tentativa de entregar o melhor resultado.

Só eu e Tamara abrimos duas embalagens de doce de leite, uma de lata e outra de vidro, na busca pela melhor textura e pela facilidade de acesso ao produto, para consumir duas ou três colheradas do alimento no recheio das panquecas.

Ana Paula explicou que nada se desperdiça. Embalagens manipuladas como as nossas são normalmente distribuídas entre profissionais da equipe, e alimentos não manipulados, como folhas e frutas que não sobrevivem às exigências estéticas da competição e são descartadas após dois ou três dias no mercado do Masterchef são doadas para instituições com as quais a Band tem parceria.

Em tempo: produzida pela Endemol Shine Brasil e pela Band, a 10ª edição do Masterchef estreia nesta terça-feira, 2 de maio, às 22h30, com 15 anunciantes na vitrine, garantindo uma segunda janela de exibição na TV paga pelo Discovery Home & Health, às sextas, às 19h.

Abaixo, o vídeo editado pela Band com a participação dos jornalistas no desafio da panqueca.