Zapping - Cristina Padiglione

Pedro Paulo Rangel: Paulo Betti lamenta morte e lembra 'Pedra Sobre Pedra'

Ator revela que colega improvisou detalhe no final da novela em que Adamastor era apaixonado por seu Carlão

O ator Pedro Paulo Rangel era Adamastor, dono do bar-bordel de Resplendor, cidade fictícia da novela 'Pedra sobre Pedra', de Aguinaldo Silva, em 1992 - Divulgação

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Adamastor, personagem de Pedro Paulo Rangel na novela "Pedra Sobre Pedra" (1992), era gay e comandava com braço de ferro o grêmio recreativo, mais identificado como puteiro de cidade do interior, na fictícia Resplendor. Ao declarar sua paixão pelo patrão, Carlão Batista, de quem era confidente, passava a ser desprezado por ele.

Carlão era Paulo Betti, que nesta quarta-feira, 21, procurado pela coluna para rememorar aquela parceria no folhetim de Aguinaldo Silva, lamentou a morte de Pedro Paulo, o Pepê, como era conhecido entre amigos, aos 74 anos. O ator estava internado no Centro de Terapia Intensiva da Casa de Saúde São José, na zona Sul do Rio, para tratar uma descompensação do quadro de enfisema pulmonar.

"Fiquei muito chateado mesmo. O Pedro Paulo fazia a peça 'Aurora da Minha Vida', que foi montada no Rio de Janeiro pela Marieta Severo, e fazia o mesmo papel que eu fiz na montagem original em São Paulo. Então, tinha esse detalhe da nossa relação", contou Betti.

"Na novela 'Pedra Sobre Pedra', o personagem dele tinha uma paixão pelo meu personagem, ele era o Adamastor, e eu, Carlão. Era uma paixão enrustida. O meu personagem usava um galhinho de arruda na orelha e na cena ambígua que o Aguinaldo escreveu no final da novela, o Adamastor visitava uma pessoa incógnita que não se sabia quem era, e o Pedro Paulo, coisa que não estava no script, colocou um galhinho de arruda na orelha dele, dando a impressão, para os entendidos, digamos, que o Carlão Batista tinha ficado com o Adamastor."

"Engraçada essa supressão que ele fez no script, ficava claro, pelo uso da arruda na orelha, que ele se encontraria com o Carlão."

O desfecho de Adamastor é um dos pontos altos do capítulo final desta novela, grande sucesso do horário, que tinha, entre outros elementos a magia de Jorge Tadeu, personagem de Fábio Júnior que ressuscitava diante das mulheres com quem se envolveu, graças a um efeito provocado pela flor antúrio.

Na cena, Adamastor espanta as meninas do grêmio para os seus quartos, pois vai receber uma visita secreta. Ao abrir a porta, ele olha para a câmera e avisa que nunca saberão de quem se trata. Carlão, evidentemente, era o protótipo do machão homofóbico, o que tornaria aquele possível romance um escândalo.

"Fiquei muito triste com a morte do Pedro Paulo. Nós só tivemos a oportunidade de trabalhar juntos nessa novela. Na real, ele trabalhou mais com o pessoal do humor na TV, naquele programa do Guel Arraes", completou Betti.

O último trabalho de Pepê na TV foi a série "Independências", de Luiz Fernando Carvalho, para a TV Cultura, neste ano.