Maurício Meirelles renova com a RedeTV! e sente falta de humor na TV
"'CQC' nunca ficou ao lado de político algum", diz humorista
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Maurício Meirelles, 38, acaba de estrear a 2ª temporada do Foi Mau, humorístico exibido nas noites de segunda-feira na RedeTV!. Referência na comédia nacional, o humorista acumula vários reconhecimentos por suas apresentações de stand up, como o Prêmio Risadaria de Humor (2016 e 2017) e o Prêmio do Humor (2019 e 2020).
Em 211, ele passou a compor o elenco do Custe o Que Custar, o CQC, na Rede Bandeirantes, onde começou como repórter. Já em 2015, Meirelles assumiu a bancada do programa, onde permaneceu até a extinção do humorístico, no final do mesmo ano.
Irreverente, o humorista costuma se envolver em polêmicas nas redes sociais. Depois de procurar por uma assistente de palco com mais de 65 anos para a temporada de estreia do "Foi Mau", ele acabou em um desentendimento com Danilo Gentili, ao contratar o Palhaço Amendoim para a 2ª temporada do programa.
Conhecido por integrar o time do The Noite (SBT), o personagem não tinha contrato fixo com o SBT, o que lhe permitiu assinar com a RedeTV!. Mesmo assim, o acordo moral que mantinha com Gentili acabou estremecendo as coisas entre o apresentador do The Noite e Meirelles, explicou o humorista.
A nova temporada do "Foi Mau" conta com novo cenário e linguagem repensada para a televisão. Meirelles promete mais espontaneidade e ritmo menos acelerado nesta nova etapa. O humorístico tem direção-geral de Guilherme Vieira.
Fora da TV, Meirelles está em cartaz pelo Brasil com o solo "Meus Achismos". Ele também comanda o canal Ao Vivasso ao lado de Rafinha Bastos e Vivi Tomasi, onde comentam o BBB pelo YouTube.
É ele o entrevistado da vez na seção "Três Perguntas Para...", por onde já passaram nomes como Karina Dohme, Malu Galli, Yuri Marçal e Paulo Gorgulho, entre outros. Confira:
Como você avalia a estreia de uma nova temporada do Foi Mau? O humor dá aval para piadas contra a própria firma?
Estou muito feliz que o programa deu certo e foi renovado. A segunda temporada é menos 'no escuro' que a primeira, né? Na primeira, você arrisca muita coisa, não sabe o que a audiência acha, o que a crítica acha... Você vai fazendo e, durante o programa, vai mudando. A segunda já começa estabelecida: a gente conseguiu nova estrutura, quadros que a gente consiga produzir, então só ganhamos. Quem nunca assistiu, acho que vale começar pela segunda, e depois voltar para a primeira.
Quando a RedeTV! me chamou, a minha única condição era que eu pudesse ter liberdade, foi essa a minha condição. Provavelmente, é a única emissora hoje que tem essa liberdade, e faz parte dessa liberdade eu poder brincar comigo mesmo e com a própria emissora, a conta deu certinho. Eles sempre levaram tudo na boa, nunca me proibiram de absolutamente nada, pelo contrário. Eu acho que para a comédia funcionar, ela tem que ser livre.
Há uma falta de programas voltados ao humor político com sátiras de costumes na televisão, nos últimos anos. Como você avalia esse cenário? Acha que isso pode mudar?
Eu acho péssimo esse cenário, porque o povo ama o humor, o público da TV aberta gosta de comédia. E aí a comédia está virando algo da internet —e os números são incríveis, porque o brasileiro gosta de comédia. Só que muitas marcas estão com medo de associar seu produto à comédia. É um direito delas, mas se o interesse da marca é o público, e ele gosta de comédia, é uma conta que não fecha.
Mas eu acho que isso vai mudar. O que está acontecendo agora é uma mudança de ares da TV. Todas essas questões envolvendo troca de emissora, pessoas novas chegando, e tal... A TV está se remodelando e, consequentemente, trazendo uma nova forma de fazer comédia também. Espero fazer parte disso.
Em 2017, você disse em uma entrevista que o 'CQC' seria necessário no contexto político da época. Hoje em dia, você diria que o humorístico iria se opor ou corroborar as ideias do atual governo?
O 'CQC' nunca ficou ao lado de político algum, a função do 'CQC' sempre foi fazer um contraponto político, sempre questionando —seja político de esquerda, político de direita, político de centro. O microfone estava lá justamente para questionamentos, nunca para passar pano ou estar do lado. Então, com certeza ele iria contestar, não importa qual governo estivesse. Questionar coisas erradas que acontecem, coisas erradas que vão acontecer... Eu acho que sempre foi essa a função do 'CQC' e foi isso que o destacou.
A diferença, que eu acho, é que antigamente não tinha uma adulação de político como tem hoje. Hoje as pessoas adulam políticos, adulam o poder, seja de um lado ou seja de outro, então o trabalho seria muito mais difícil de ser feito. Antigamente o povo estava do lado do 'CQC', de questionamentos e tal. Hoje, dependendo da área ideológica que você está questionando, há agora fanáticos —de todos os lados, que fazem o possível para destruir sua reputação ali.
EXTRA:
A discussão com Danilo Gentili pela contratação do Palhaço Amendoim, que ficou mais conhecido no The Noite, foi combinada ou aconteceu de verdade?
O Palhaço Amendoim estava sem contrato. Ele é um sucesso na comédia nacional, e aí a gente contratou ele. Mas, pelo que eu entendi, o Danilo ficou muito chateado porque ele tinha um contrato moral com o Palhaço Amendoim. Eu não sabia desses bastidores, as coisas foram encaminhadas normalmente. E aí a gente está reavaliando a condição dele no programa. Mas a gente gostaria de contar com ele, sim, é um cara que se destaca bastante, as pessoas gostam bastante dele, e traz a audiência de que a gente precisa.