Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu surfe

'Janaínas: Deusas do Mar' mostra a contribuição de surfistas negras brasileiras

Dentro e fora d'água, elas quebram preconceitos e aumentam a diversidade no surfe

Érica Prado é uma das personagens de 'Janaínas: Deusas do Mar' - Divulgação

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Janaína é considerada uma divindade do mar para religiões de matrizes africanas. Daí surgiu o nome da série documental em cinco episódios exibida pelo Canal OFF às segundas-feiras, às 21h 30, "Janaínas: Deusas do Mar".

A produção, que chegou ao ar no dia 20, se propõe a apresentar a história de cinco divindades da costa brasileira: surfistas negras que atuam em suas comunidades para ampliar o reconhecimento de outras mulheres como elas, dentro e fora d'água. Depois de exibidos, os episódios ficarão disponíveis na plataforma de streaming do Globoplay.

O primeiro episódio mostrou a trajetória de Tilamarri dos Santos, 36, que além de surfista é longboarder, rapper e empreendedora. Natural de Itacaré, na Bahia, ela chegou a estudar com o irmão de Érica Prado, 32, outra atleta apresentada na série.

Prado é natural do Rio de Janeiro, “uma mulher alegre, forte e sensível, do mar e surfista”, se define. Aos oito anos, mudou-se para a Bahia, onde morou até os 18, quando retornou ao Rio para cursar Comunicação Social. Foi nas praias do nordeste que a jornalista começou a se arriscar em cima da prancha, com incentivo do irmão.

Competidora desde os 13 anos, conquistou o título de campeã baiana em 2006. Em 2019, criou o Movimento Surfistas Negras para ajudar a dar visibilidade a mulheres pretas que praticam o esporte no Brasil.

Segundo Érica, preconceitos como o racismo ainda são recorrentes nas praias. “É uma coisa muito nítida. O que acontece no surfe é um reflexo da nossa sociedade como um todo”. Mas, se depender dela, não será a única mulher negra a ser considerada em eventos e convites: “Essas mulheres existem, essas meninas existem. Cansei de ouvir ‘só conheço você’”, afirmou.

Apesar disso, Prado diz perceber um crescimento no surfe feminino, nos últimos anos, o que atribui à união feminina no esporte. “Pontualmente, meninas do nordeste conseguiram patrocínio recentemente. As melhores eram as nordestinas, mas estavam sem patrocínio”, declara.

Na iniciativa que desenvolveu, a comunicadora trabalha com a divulgação de outras mulheres negras no cenário do surfe brasileiro. Em “Janaínas: Deusas do Mar”, Érica Prado também trabalhou como diretora e produtora.

“Além de apresentar surfistas de diferentes gerações e regiões do país, a série também vai ajudar a dar voz para essas atletas que durante muitos anos foram invisibilizadas. O programa vai ter um papel importante na formação de novas gerações de surfistas negras”, afirma.

Embora não o considere um dos esportes mais acessíveis, devido ao seu alto custo e à necessidade de acesso ao mar, a comunicadora observa: “tem muita gente usando o surfe como um instrumento de transformação na vida de milhares de jovens”.

No próximo episódio, o público vai conhecer a cearense Yanca Costa, 21, atual campeã brasileira e um dos principais nomes da modalidade no país; em seguida, vem a professora de surfe Suelen Naraisa, 37, que precisou interromper a prática esportiva para tratar um câncer, aos 10 anos de idade; depois vem Nuala Costa, 40, de Maracaípe, em Pernambuco, que começou no esporte após perceber que seus irmãos eram mais felizes dentro d´água, terminando com a ativista Érica Prado.