Julgamento e gente incômoda sempre vão existir; viva sua verdade
Maternidade exige escolhas; sempre vão te questionar, seja você
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A coluna da última semana deu o que falar. Tratei sobre a incômoda pergunta: "você não vai ter filho?" e o quanto ela é direcionada apenas às mulheres como uma cobrança pela maternidade.
É possível ser feliz sem filhos, sim, e isso é muito importante de se dizer, mas abordei a dura realidade de quem é mãe num mundo como o atual. Ao comparar o incômodo da pergunta com a dureza da realidade materna, mostrei que, sim, dá para ouvir a pergunta e seguir.
Difícil mesmo é exercer a maternidade com tantos julgamentos e cobranças.
Recebi inúmeros comentários e depoimentos de mães que se sentem cada dia mais sufocadas e cobradas. Uma delas me contou sua saga materna. Primeiro, havia decidido não ter filhos.
Depois, ao encontrar um companheiro que queria ser pai e cansada de ouvir a pergunta "você não vai ter filho?", ela decidiu ser mãe. Realizou-se e está apaixonada por seu bebê, mas teve um parto difícil e não poderá ter outro filho biológico.
Ela conta que, em vez de receber apoio, o que ouve com muita frequência é se não há como reverter o que ocorreu para que se tenha o segundo filho. Ou mesmo críticas à forma de parto que ela escolheu, pois entendem que pode ter causado o problema.
Outra mãe me contou que era extremamente cobrada para ter filhos --algo que ela sempre quis. O filho nasceu e, como qualquer ser humano que depende dos pais, dá trabalho. Precisa de atenção, médico, escola, roupa, alimentos e o básico para viver.
E o que ela mais ouve hoje é que precisa tentar dosar a "entrega materna" que faz com que assuma a maioria das tarefas com a criança.
Também tenho inúmeras histórias para contar de julgamentos, cobranças e questionamentos indevidos, que vão desde a retórica pergunta feita antes de eu me tornar mãe, passando pelo fato de eu ser madrasta e entrando na seara de que só tenho filhas mulheres.
"Não vai tentar um menininho, não?", ouço com frequência, seguido de um: "Todo mundo quer ter um homenzinho".
Eu rio. Às vezes respondo. Noutras, só concordo com a cabeça. O fato é que sempre vão julgar a nossa maternidade, sempre vão tentar escolher por nós. E quanto mais cedermos, mais vão querer determinar sobre nossa vida.
Se você cede e tem filhos, vão te pedir o segundo. Se cede e tem o segundo e o terceiro, vão te criticar pelo excesso de crianças. Quer se mãe e trabalhar e, com isso, fica ainda mais cansada? Problema seu, pois escolheu parir. Quer ficar em casa? É encostada.
Não é possível agradar. E seguir essa fórmula de fazer o que nos pedem leva à infelicidade. Por isso, a dica é: estudem sobre ser mãe, sobre seus sentimentos e suas verdades para seguir seu caminho.
O mesmo vale para não mães: tenha certeza do que não quer. Assim, o caos externo não destrói a felicidade interna.