Colo de Mãe
Descrição de chapéu

Enquanto não houver comportamento social correto, praia seguirá aberta e escola, fechada

Praia lotada vira meme e volta às aulas fica cada vez mais distante

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A terça-feira, 8 de setembro, entrará para a história da educação no estado de São Paulo. A data marca a possibilidade de retorno parcial das atividades escolares. À princípio, a abertura de unidades públicas e particulares ocorre apenas para convívio de alunos e reforço escolar.

Com isso, nesta fase, não há obrigatoriedade de abrir o local nem de que os pais enviem seus filhos. Aliás, em 2020, enviar a criança ou adolescente para a escola será uma escolha da família, o que, para muitos, é preocupante, pois pode tirar a responsabilidade estatal sobre a saúde pública e aliviar o papel da escola particular.

Para outros, repassar às famílias a opção de levar ou não a criança é uma liberdade necessária e uma responsabilidade lógica em meio à pandemia mundial.

Eu gosto desta opção. Acredito que, no que diz respeito aos filhos, responsabilidade é algo que deve nascer no seio da família, mas ser compartilhada com estado e escola. “Precisa-se de toda uma aldeia para criar uma criança”, diz a sabedoria popular.

Mas creio também que a primeira opção é a que deve ser acionada em caso de contaminação pelo coronavírus já que, talvez, seja prematuro reabrir as escolas.

Usei a palavra “talvez” pois não sou especialista em saúde pública, apenas ouço os especialistas. O médico Drauzio Varella e o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clovis Arns da Cunha, já apontaram que, do ponto de vista técnico, ainda não é hora de relaxar as medidas de isolamento social como estamos fazendo.

Embora a curva de contaminação e de mortes esteja caindo, o que é uma ótima notícia, ela ainda é alta. O estado de SP tem quase 900 mil casos. Para chegar a um milhão é um pulo, que pode receber uma “ajudinha” das escolas abertas.

Praia do Pontal, no Rio, ficou lotada no fim de semana do feriado da Independência - Ana Branco/Agência O Globo

Por outro lado, há de se encarar a dura realidade que mães vêm passando na pandemia. Com aulas online, a rotina de trabalho triplicou. Além disso, há quem não possa mais fazer home office e precisou voltar para o trabalho. Neste caso, a escola aberta seria uma solução contra a estafa e para a saúde mental das crianças, trancadas há meses.

Será que estamos reconhecendo a importância da escola? O quanto esse espaço de saber precisa ser valorizado, pois é a maior rede de apoio das famílias, e a grande formadora de uma sociedade decente? Ou seguimos encarando o local como “depósito de alunos”?

Para mim, a escola é de extrema importância, desde que seja um ambiente seguro, acolhedor, democrático e, de preferência, público e de qualidade para todos, sem distinção.

Se a escola não pode ser para todos, nem presencial nem online, pois, aberta, oferece riscos, e fechada, é entrave ao desenvolvimento de quem tem menos renda, é preciso que haja outra solução, além do “abrir ou não abrir”.

O meme que tem circulado na internet, no qual mãe e filho estão em uma praia lotada e ela diz à criança que não é seguro ir à escola agora, só mostra que não estamos preparados para o debate.

Porque enquanto lotarmos praias e fizermos piadinhas com assuntos sérios e com a saúde do filho dos outros não é seguro mesmo ocupar nenhum espaço.