Veja cuidados ao falar sobre o coronavírus com seus filhos
Casos devem aumentar no país e aulas começam a ser suspensas; é preciso saber conversar com as crianças e os adolescentes sem causar pânico
O ano era 1999 e o Brasil vivia um momento de retomada do cinema nacional. Fernanda Montenegro brilhava nas telas, em Central do Brasil, de Walter Salles, indicado ao Oscar. Embora a torcida —minha e de muitos— fosse grande, quem levou a estatueta foi o filme “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni.
Na época, no auge de minha juventude, fiquei revoltada. Como um filme em que o pai escondia a realidade do filho podia nos roubar a estatueta? Mas, o tempo passou, tornei-me mãe e minha visão mudou. “A Vida é Bela” é, para mim, um dos filmes mais belos do cinema mundial.
E a beleza está no fato de que o pai, com um filho pequeno em um campo de concentração nazista na Segunda Guerra, faz de tudo para que a criança acredite se tratar de uma brincadeira e não veja a realidade dura como ela, de fato, é.
Corta para a atualidade. O ano é 2020 e, embora pareça que estamos em um filme, a pandemia mundial e a gravidade do coronavírus é real. E, claro, isso preocupa crianças e adolescentes. O pânico geral pode assustar muito as crianças. No entanto, não dá para negar a realidade.
Por isso, não defendo aqui que vivamos no filme de Benigni, mas é possível falar com crianças e adolescentes de forma clara, didática e indicada para cada idade, sem assustá-las ou trazer preocupações que não são delas. Aqui, faço um adendo: não estou comparando o coronavírus com uma guerra, apenas reforço que a realidade está aí e pode ser explicada de forma que cada um entenda, sem se assustar.
Recebi materiais muito interessantes sobre como pais, professores e responsáveis de forma geral devem agir. Um deles, da psicóloga Manuela Molina Cruz, ensina como conversar com as crianças, para acolher suas angústias e medos sem deixar de orientá-las sobre os cuidados com a doença, que tem provocado mortes no mundo e já se instalou no país.
Dentre as principais dicas da psicóloga estão perguntar sobre o sentimento da criança quando ouve falar do vírus e ter empatia para acolher a tristeza e a preocupação dela.
Além disso, é importante explicar para a criança que o combate à disseminação do vírus deve ser feito por todos nós, com higiene, lavando as mãos, usando álcool gel e sem espalhar informações falsas. Diga à criança que, nesta batalha, quem faz tudo certo se torna herói e heroína.