As muitas primeiras vezes de uma mãe
Viver as primeiras experiências do primogênito é como estreia de cinema
Luiza, minha primeira filha, já tem 12 anos. A minha sensação é a de que ela cresce em uma velocidade mais ágil que a da luz, ao mesmo tempo em que segue sendo minha menina. Sei que não é mais aquela bebê rechonchuda, que não largava meu peito e sorria para todos na rua.
Também não é mais aquela garotinha falante que, aos quatro, cinco, seis, sete anos, me matava de vergonha com todas as suas colocações engraçadas e embaraçosas sobre a existência.
Ela já tem 12 anos, e seus olhos de jabuticaba ainda me encantam com o tamanho da felicidade que minha adolescente, quase mocinha, sente pela vida. Ela é animada, brincalhona e ama os animais.
Aos 12, Luiza, minha primogênita, voltou a me proporcionar muitas primeiras vezes. E a primeira vez na vida do primeiro filho é uma estreia de mãe. É como estar no tapete vermelho nos festivais de cinema mundo afora. É uma experiência cheia de medo, emoção e frio na barriga. Tem expectativa, vontade de que dê tudo certo e muito orgulho.
Quando nasce um bebê, estreamos diversas primeiras vezes na jornada materna. Em um ano, a gente passa pela primeira vez em que ele dorme a noite inteira, o primeiro dente, a primeira fruta, a primeira papinha, a primeira ida à praia, os emocionantes primeiros passos e as primeiras palavras.
À medida que crescem, vêm a primeira vez na escola, o primeiro dia de aula, a primeira vez que vão ao cinema e ao teatro. Tem a emoção das primeiras palavras lidas, a primeira formatura... Há também primeiras vezes traumáticas: o primeiro tombo, o primeiro resfriado e a primeira infecção. Tudo são marcos na vida de um ser humano que está começando a escrever a sua história e na vida de uma mãe que está preenchendo seu “diário da materno”.
Depois, as novidades diminuem. Claro que há sempre uma primeira vez, mas são mais espaçadas. E quem pensa que os filhos crescem e nos tiram esse gosto da estreia está enganado.
Nos últimos meses, tenho vivido a emoção de muitas primeiras vezes com a minha filha mais velha. Teve o primeiro sutiã e a primeira ida ao cinema sem que eu estivesse com ela. As primeiras espinhas e os primeiros pelos. No dia do cinema, acompanhei tudo, busquei a amiga, comprei o ingresso, levei-as ao cinema, voltei para buscá-las e esperei ansiosamente na porta de saída.
Cada final de semana tem sido uma primeira vez na vida social de minha menina. Deparei-me com a primeira vez que ela não quis sair comigo. Teve a primeira vez que preferiu não viajar, não quis ir ao cinema e deixou de participar de festa planejada por mim. São primeiras vezes doídas, mas com a firmeza e a força de quem tem opinião e tem convicção do que quer, fazendo-me entender que ela já não é mais somente a minha filha, mas é cada vez mais um ser humano autônomo e independente.
A última primeira vez que eu vivenciei nos tempos recentes foi uma tarde no shopping em que ela e uma amiga quiseram ficar sozinhas. Fui até o shopping rodeada de crianças e adolescentes. Comemos juntas, chegamos a passear um pouco até que ela me pediu para ficar só com a amiga. Queria ir a lojas, comprar algo e tomar um sorvete, só as duas.
Marcamos um ponto de encontro, uma hora depois. Eu não conseguia parar de fotografá-la antes que ela e a amiga fossem andar sozinhas. Luiza não parava de sorrir. E eu sentia orgulho e emoção por saber que o novo ser humano que eu coloquei no mundo está começando a viver suas primeiras experiências adultas.
Vi a vida passando como em um filme à minha frente, como se eu estivesse lendo páginas de um livro instigante, interessante e que me alegrava. Vi minha pequena, não tão pequena assim, sorrir e pulsar cada vez mais. Vi que somos um pontinho mínimo em um mundão e que, como eu, ela só quer viver. Vi e vivi esses momentos tão lindos. Que viagem bacana é essa tal de maternidade!