Educar filhos é ter que saber respostas para as questões mais difíceis
Há algumas semanas, tive que responder a pergunta mais difícil da minha vida materna
Ser mãe não é tarefa fácil, todas sabemos, até mesmo as mulheres que não são mães.
Noites insones, doenças, dificuldades de aprendizado, vacinas e uma série de medidas duras para educar bem os nossos mini-humanos são apenas algumas das dificuldades da maternidade.
Tenho passado por tudo isso vivendo uma montanha-russa de emoções. Na hora em que o “trenzinho” sobe, vou na calma, já me preparando para a descida inevitável, que dá frio na barriga, é horrível, mas pela qual você vai ter que passar se estiver no brinquedo ou, neste caso, se for mãe. Em geral, vou na fé, na emoção, na raça e no instinto. Mas, como nem tudo é intuição, tem hora que ser mãe é ainda mais difícil.
Passei pela minha maior prova há alguns domingos. Acordei tarde, tínhamos um aniversário no dia, fazia sol, mas estava frio. Eu ainda estava sonolenta, não tinha nem tomado o primeiro gole de café quando veio a pergunta que reverbera em ainda hoje em mim, sem uma resposta final.
Não, meus caros, a pergunta não é “como nascem os bebês?”. Já passei duas vezes por esse teste e creio que me saí bem. Porque a resposta para este questionamento é biológica e tem a ver com a reprodução das espécies. Respondendo conforme a idade da criança, a gente passa por essa fase (logo depois de ter contado a história da cegonha, claro) com nota dez no boletim materno.
A pergunta seca e sem piedade veio da minha filha mais velha: “Mãe, qual o sentido da vida?”
Respirei fundo, pedi tempo, como sempre faço quando não tenho a resposta. Sabia que não dava para pesquisar no Google.
Respondi: “O sentido da vida é viver; transformar o mundo e a sociedade em algo melhor”. A resposta foi rebatida por ela, que usou diversos argumentos dentre os quais se encontravam: “Mas o ser humano coloca fogo na Amazônia, mãe...” foi uma das coisas que ela disse, confrontando-me. Olha, quem disse que a maternidade atual é mais fácil do que a de antigamente está redondamente enganado. Hoje, as crianças têm outro funcionamento cerebral e começam cedo a nos colocar em saias justas maternas.
Pedi mais tempo. Para voltar a estudar os filósofos. Disse a ela que precisava relembrar o que pensa Santo Agostinho, Nietzsche e Platão sobre o tema. Argumentei que é algo complexo e que preciso reler João Guimarães Rosa e Gabriel Gárcia Márquez, além de mergulhar ainda mais nos meus livros e poetas preferidos.
Precisava de tempo. De tempo comigo, de conexão, de solidão. Mas não tive nada disso. A vida veio passando como um furacão por nós e, nesta semana, perdi meu padrinho. É a terceira morte que contabilizamos em minha família dentro de cinco meses, do lado paterno.
Primeiro, morreu a minha avó. Depois, minha tia-avó caçula, irmã dela, e, agora, o meu padrinho.
As dores pelas quais passei me fizeram relembrar que eu questionei o sentido da vida na minha juventude, quando era bem mais velha do que Luiza, que tem 12 anos. Aos 18, perdi meu namorado e queria, a todo custo, entender qual o sentido desta existência. O fato é que ainda não encontrei as respostas. Minha proposta é seguir com Luiza e Laura, buscando juntas o sentido da vida.
Enquanto isso, vamos vivendo, nos amando, construindo e cuidando umas das outras e de nossa família, pois a gente não sabe quando será o último abraço, quando é que vamos encerrar a participação na existência. Será que até lá teremos as respostas?