Confira como as empresas de beleza atuam no combate ao novo coronavírus
Marcas famosas, como o grupo LVMH e O Boticário, produzem álcool em gel
O produto de higiene e beleza mais cobiçado dos últimos tempos não é um tratamento anti-idade, um batom poderoso ou um cosmético para cuidar do cabelo. Trata-se do álcool em gel, item importantíssimo na prevenção à Covid-19, causada pelo novo coronavírus.
E a procura tem sido tão grande, tanto pelo álcool em gel propriamente dito como pelo álcool isopropílico 70%, que os estoques estão acabando mundo afora, ficando inacessíveis para todos: consumidores, médicos, hospitais, abrigos, asilos entre outros.
Para quem trabalha com o universo da beleza, como é o meu caso, é lindo ver que algumas empresas têm se mobilizado rapidamente contra essa escassez, tanto para atender o consumidor final como para apoiar as instituições envolvidas, direta ou indiretamente, no combate à doença.
Claro que há interesses comerciais e de marketing envolvidos –oferecer um produto disputado é lucrativo, sustentar iniciativas sociais agrega valor a qualquer marca. Mas, mesmo assim, acho incrível ver que grifes de peso e até mesmo algumas pequenas estão reorganizando suas linhas de produção para ir ao encontro de necessidades urgentes.
O grupo LVMH, dono de marcas como Dior, Givenchy e Kenzo, foi quem deu a largada. Há cerca de 15 dias, anunciou: estava determinando que as fábricas de perfume da holding fabricassem quantidades substanciais de álcool em gel. A produção, desde então, tem sido destinada às autoridades públicas na França, para atender às necessidades dos hospitais.
Na sequência, o grupo americano Estée Lauder, outro gigante no mundo da beleza, reabriu uma fábrica desativada, em Melville, só para fabricar gel de limpeza para as mãos. O resultado do esforço é doado para equipes médicas e para outros trabalhadores de Nova York, em um ritmo de 10 mil garrafas por semana.
Aqui no Brasil, as ações começaram há cerca de dez dias e têm se multiplicado. A Natura, por exemplo, deve doar, em conjunto com a Avon (que, no ano passado, passou a fazer parte do Grupo Natura), quase três milhões de sabonetes. A ideia é aumentar o acesso da população a esses itens de higiene fundamentais para brecar o avanço do vírus.
Eles serão distribuídos nas cidades em que as marcas mantêm suas operações –ou seja, São Paulo, Cajamar (SP), Benevides (PA) e Cabreúva (BA)– e também em comunidades em situação de vulnerabilidade social nas quais estão localizadas cooperativas parceiras das duas empresas. O conglomerado de beleza também estuda uma mudança nas linhas de produção para começar a fabricar álcool em gel.
O Boticário, que já fabricava o produto, doou 1,7 tonelada de álcool em gel para o Sistema de Saúde Pública de Curitiba (PR), cidade onde fica sua sede. O e-commerce da marca está comercializando o produto dentro da linha Cuide-se Bem. As embalagens vêm com 30 g e saem por R$ 18,90 cada uma.
Lowell, Amend e Bioextratus, marcas de produtos capilares, produzem álcool em gel em suas fábricas para doar para asilos, comunidades e hospitais. Os da Lowell serão distribuídos em instituições de Itapira, município no qual a marca mantém um centro de desenvolvimento e de testes.
Os da Amend, por sua vez, chegarão ao Hospital São Paulo e ao Hospital Pérola Byington, a asilos e à Cufa A Central Única de Favelas –todos em São Paulo. Já os da Bio Extratus são distribuídos para hospitais, postos de saúde, asilos e farmácias da cidade de Alvinópolis (MG) e região.
A Santapele, marca paulistana de fragrâncias premium (pessoais e para casa), também está fazendo sua parte. Acaba de lançar álcool em gel com fragrância de açaí e flor de vitória régia (uma das principais da grife) em embalagens de 500 mg. O preço é R$ 29 cada um, e o item está à venda em e-commerces como Amazon e Dafiti.
A grife deve doar em breve cerca de cem embalagens para asilos em São Paulo. E a Giovanna Baby, que já tinha em linha versões de álcool em gel com suas famosas fragrâncias, multiplicou sua produção por quase 20 vezes –agora, produz 1,5 milhão de unidades por mês.
O produto é vendido no e-commerce da marca e em lojas online por R$ 9,90 cada um (embalagem com 60 ml) e R$ 23,90 (embalagem com 500 ml). Nesta sexta (3), a empresa começa a entregar sabonetes líquidos e em barra para instituições em diferentes regiões da Grande São Paulo.
CUIDADOS EXTRA COM AS MÃOS
Enquanto empresas se mobilizam para disponibilizar sabonetes e álcool em gel e nós, por outro lado, seguimos lavando e higienizando as mãos constantemente para evitar o contágio, um efeito colateral pode ocorrer: o ressecamento agudo da pele. O que pode vir a gerar problemas.
“Esse ressecamento todo não só provoca desconforto como pode causar microfissuras, que acabam se tornando portas abertas para infecções no geral”, esclarece a dermatologista Adriana Cairo, de São Paulo. “Ou seja, além de aumentar a higiene, intensificar os cuidados é extremamente necessário.”
A dermatologista indica, caso seja possível, que se manipule, seguindo receita médica, um creme rico em ureia, ácido lático e manteiga de karité. “Aplique essa formulação, que é bem emoliente, à noite, antes de dormir. Se quiser potencializar a ação, use luvas para aumentar a absorção.”
Durante o dia, após fazer a higiene, o ideal é usar um cosmético um pouco mais leve. Adriana Cairo complementa com um alerta: “Caso note machucadinhos e fissuras nas mãos, contate seu dermatologista. É importante cuidar dessas lesões rapidamente para que a pele volte a ficar íntegra e continue exercendo o seu papel protetor de uma maneira adequada.”