Bom de Garfo

Casa nordestina no Bexiga faz sucesso com paçoca de carne, iguaria típica em várias regiões

Restaurante Rancho Nordestino foi inaugurado na região em 1980

Paçoca de carne - Otavio Valle/ Nambiquara Texto

A mídia sempre se deixou seduzir facilmente pela ideia de um Bexiga italiano. Contudo, quem conhece o bairro, sabe que há muita coisa além das cantinas, tarantelas e Nossa Senhora de Achiropita. Antes da imigração europeia, os negros já viviam por aquelas bandas.

Depois de italianos, espanhóis e portugueses, foi a vez dos migrantes do Norte e do Nordeste. Esta mistura cultural criou um dos mais deliciosos bairros de São Paulo. Ao redor do córrego do Saracura, reuniram-se a Vai-Vai, a capoeira de Mestre Ananias, as cantinas, os teatros, cafés, baladas, museus e feiras de arte.

Outra marca do bairro são as inúmeras casas do Norte. Uma delas chama a atenção: o Rancho Nordestino. Localizado na esquina das ruas Santo Antônio e Manoel Dutra, o restaurante nasceu em 1980, fruto da necessidade de alguns amigos nordestinos, que lá se reuniam para bebericar cachaça e morfar um bom caldinho de mocotó. “Naquela época, em São Paulo, você só achava as pingas industriais, era difícil uma boa cachaça de Minas, do Norte e do Nordeste. No Rancho, finalmente a gente podia tomar uma cachaça boa”, conta Raimundo Nonato de Oliveira, atual proprietário.

Natural da pequenina Piquet Carneiro, no sertão do Ceará, Oliveira chegou a São Paulo em fevereiro de 1972. “Logo no primeiro dia aqui, meus amigos me levaram para ver o Edifício Andraus, que tinha pegado fogo pouco tempo antes. Era uma imagem impressionante”, relembra Oliveira.

Ele trabalhou em fábrica de móveis, em mercearia e como garçom. Foi parar no Bexiga, onde serviu por oito anos à tradicional Cantina Taberna do Júlio. Depois do expediente, reunia-se com os amigos no Rancho. Anos depois, em 1984, passou de cliente a proprietário.

Assim que assumiu o Rancho Nordestino, transformou a birosca em restaurante. Tratou de instalar uma cozinha e passou a oferecer pratos típicos do Nordeste brasileiro. Não demorou muito para fazer sucesso com paçoca de carne de sol (R$ 39,90, meia porção, e R$ 53,90, inteira).

Ironia ou não, apesar de ser um prato típico em várias regiões do país, a paçoca não é uma iguaria facilmente encontrada em São Paulo. A de Oliveira é feita com uma carne de sol bem tenra e magra, farinha de mandioca da melhor qualidade, cebolas e manteiga de garrafa. Outros dois clássicos da casa são o bolinho de jaca com jabá e requeijão (R$ 19,90, oito unidades) e o baião de dois (R$ 25,90, meia porção, e R$ 33,90, inteira). Mas não é só de pratos deliciosos que vive o restaurante nordestino.

Toda sexta-feira, em um salão espaçoso no subsolo, um forró pé de serra agita as noites. Além da música animada pelo trio de Arnaldo do Acordeon, o Rancho ainda é uma embaixada dos torcedores do Sport Recife, que lá se reúnem para ver os jogos do Leão. Enfim, a marca da casa é a contagiante alegria de Raimundo Nonato, o rei da paçoca!


Rancho Nordestino
Endereço: rua Manoel Dutra, 498, Bexiga
Telefone: (11) 3825-1414
Quando: Dom a qui., das 11h à 0h; e sex. e sáb., das 11h à 1h30

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