É a partir de um comovente relato em primeira pessoa que a enfermeira, parteira e ministra Edna Adan Ismail, 84 anos, apresenta-se no livro "Uma Mulher Extraordinária: a Parteira que construiu um Hospital e Mudou o Mundo" (R$ 49,90, 304 págs., Globo Livros). Considerada a Madre Teresa de Calcutá muçulmana, Edna foi a primeira somali a se formar em uma universidade do Reino Unido. Foi também a primeira mulher a dirigir em seu país: e salvou milhares de pessoas da guerra que devastou a Somalilândia, onde nasceu.

O livro, que é amparado no trabalho da jornalista Wendy Holden, autora de "Os bebês de Auschwitz", conta a trajetória desta incrível mulher que construiu um hospital, hoje referência em saúde feminina e em partos humanizados, e transformou a vida de milhares de meninas e mulheres.

De menina que era repreendida ao brincar com os meninos na rua, Edna se tornou a primeira ministra das Relações Exteriores de uma nação africana, uma das vozes mais ativas da Organização Mundial da Saúde.

Mas, mais do que a narrativa de uma mulher incomum, o livro acaba se tornando o retrato de uma época ao acompanhar a vida de Edna desde a infância no pequeno país africano de Somalilândia Britânica (ainda pertencia ao ingleses quando ela nasceu, em 1937). Nesse protetorado britânico esquecido à leste do continente, ela cresceu com as regalias de ser a filha mais velha de um médico incansável, que trabalhava dia e noite para tentar dar conta de ajudar a população empobrecida, em condições precárias.

Curiosa e rebelde, Edna não se contentou em ocupar o papel de mulher dentro de casa, aquele que a mãe gostaria que ela ocupasse e que a sociedade esperava dela. Brincava no quintal com os garotos até rasgar os vestidos cuidadosamente feitos pela mãe e, na primeira oportunidade que teve, muito a contragosto da família (porém incentivada pelo pai), aprendeu a ler e a falar inglês.

Letrada em uma sociedade majoritariamente analfabeta, Edna foi mandada pelos pais a uma escola em uma outra cidade, onde viveu sob os cuidados de uma tia. De lá, conseguiu uma improvável bolsa no Reino Unido, onde obteve o diploma de enfermeira e se especializou como parteira. Embora muitos duvidassem de seus princípios, Edna fez questão de voltar à Somalilândia após os estudos e foi trabalhar em um hospital mesmo sem, por meses, receber um centavo do governo.

Quando se tornou ministra, ao mesmo tempo em que frequentava reuniões com príncipes e presidentes, como parteira convivia com a dura realidade das mulheres de seu país.

O momento mais marcante do livro é, sem dúvida, o trecho em que ela narra ter sido vítima, com o consentimento da mãe e das mulheres da família, da mutilação genital que ainda faz parte da cultura de diversos países africanos. Com detalhes duros, o relato mostra como o fato mudou para sempre a vida da então menina de 8 anos.

OS MAIS VENDIDOS

FICÇÃO
1 "A Garota do Lago", de Charlie Donlea (Faro)
2 "A Revolução dos Bichos", de George Orwell (Avis Rara)
3 "Duna - Livro 1", de Frank Herbert (Aleph)
4 "A Vida Invisível de Addie LaRue", de V.E. Schwab (Galera)
5 "O Clube do Crime das Quintas-Feiras", de Richard Osman (Intrínseca)

NÃO FICÇÃO
1 "A Arte da Guerra", de Sun Tsu (Avis Rara)
2 "Escravidão - Volume 2", de Laurentino Gomes (Globo Livros)
3 "Escravidão - Volume 1", de Laurentino Gomes (Globo Livros)
4 "Pense de Novo", de Adam Grant (Sextante)
5 "Sapiens: Uma Breve História da Humanidade", Yuval Noah Harari (Cia. da Letras)

AUTOAJUDA
1 "O Poder do Subconsciente", de Joseph Murphy (Best Seller)
2 "Gerencie Suas Emoções", de Augusto Cury (Sextante)
3 "Os Quatro Compromissos", de Don Miguel Ruiz (Best Seller)
4 "Coleção Mente em Foco" (Alto Astral)
5 "O Milagre da Manhã", de Hal Elrod (Best Seller)

Fonte: Livrarias Saraiva (de 31.out. a 7.nov.2021)