Escritor policial Raphael Montes mostra o melhor do horror dos últimos tempos
A obra 'Dias Perfeitos' é envolvente e sanguinolenta
Nesta volta de férias, confesso que estou abraçando novamente minha veia do suspense e do terror, que me acompanhou tantas tardes na infância e na adolescência. E também me fez companhia na última viagem que eu fiz, ao Peru. Foi quando li um dos bons livros de Raphael Montes. Um dos destaques da nova geração do mistério policial.
"Dias Perfeitos" (R$ 47,90, 280 págs., Cia. das Letras) é mesmo tão envolvente e sanguinolento quanto as demais obras do autor: todas flertando com uma paranoia amorosa peculiar. Autor de "Suicidas" (R$ 52,90) e "Jantar Secreto" (R$ 47,90), o carioca de apenas 28 anos deixa sua marca bem cravada na narrativa de "Dias Perfeitos: o livro leva um anão na capa, símbolo talvez da atmosférica fantasiosa que toma conta da história desde o início, quando o jovem estudante de medicina Téo se apaixona completamente pela moderninha Clarice e acaba por dopá-la para mantê-la por perto.
Como é comum na obra de Montes, logo os personagens perdem totalmente o controle de suas ações e tomam atitudes com consequências irreparáveis. Quanto mais o leitor vira o ritmo frenético das páginas, mais o mundo parece desabar sobre Téo e Clarice, em uma sucessão de acontecimentos violentos e sádicos que não poupam cenas fortes, como estupros e machucados horripilantes.
Nada que, na mente doentia de seus personagens, não esteja próximo da esfera do normal.Se a dica da semana passada, "O Cemitério", de Stephen King, que deu origem ao filme "Pet Sematary", em cartaz nos cinemas, apostando na fantasia e no medo do desconhecido, as tramas de Montes de que trato agora são mais realistas –por mais que a história rocambolesca e os anões tentem levar o leitor no sentido contrário.
m "Dias Perfeitos", o horror, para mim, está mais próximo de nós, com seus personagens terrivelmente humanos e humanamente psicopatas.