Biblioteca da Vivi

Veja por que dar exemplares velhos e usados aos amigos pode ser uma boa ideia

Conheça a história do exemplar desfolhado de um clássico de 1926

Ei, esqueça os chatos que acham uma coisa sem graça presentear amigos e familiares queridos com livros em datas festivas. Um bom livro, assim como um bom professor, quando aparece no momento certo, pode mudar para sempre a vida de uma pessoa. Por que não tentar?

Para isso, nem é preciso ir a uma livraria de shopping e comprar algum lançamento –embora existam boas opções. Há versões de clássicos (de bolso ou antigas, em sebos) a preços modestos. Ainda mais se comparados ao conteúdo!

O importante é aquele momento que você pensa na pessoa e imagina que tipo de leitura pode ser boa para ela: pode ser um livro de culinária, piadas, mistério, astrologia, história. Qualquer um que proporcione a oportunidade de ficar um pouco consigo mesmo, tendo aquelas páginas como únicas companheiras.

Esta ainda é uma experiência analógica única. Tenho uma amiga que não se cansa de se surpreender com a obra do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2017). E nunca a vi com um exemplar novo do autor, expoente do realismo fantástico, que vendeu mais de 40 milhões no mundo. Suas edições são sempre emprestadas de amigos, parentes, adquiridas em sebos, brechós, com todo o suor das mãos de que quem as leu marcado nas páginas.

Uma vez, ela viajou e levou um livro meu emprestado. Era do escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961). Não me lembro ao certo se esse foi um dos livros que surrupiei da biblioteca do meu avô na adolescência, se comprei em sebos nos arrombos da faculdade, se ele apareceu nas minhas estantes de ferro (outro amigo adora tirar sarro delas) pelos meus irmãos que moraram comigo... Não me lembro. Mas ele estava caindo aos pedaços. Está ainda. Porque essa minha amiga com todo o cuidado levou e trouxe de volta o exemplar (de Cuba, pasmem), desculpando-se com o ocorrido.

Dei muita risada de imaginá-la se desesperando com as páginas voando nos ventos caribenhos. Pegando táxis dos anos 1950. Com o exemplar de “O Sol Também se Levanta” na bolsa. O livro está aqui comigo. Mas não me importo de emprestá-lo nem presenteá-lo.

A viagem pode ser inesquecível.

 

Procurei e achei um mesmíssimo exemplar do livro, sobre conflitos dos americanos e ingleses em Paris, após 1ª Guerra Mundial, no sebo por R$ 4. A edição nova, da Bertrand Brasil, está R$ 40.