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Livro que inspirou novo filme da Netflix, 'Bird Box' tem mistura de fantasia com horror

Versão da obra para os cinemas é protagonizada por Sandra Bullock

Sandra Bullock em cena de "Bird Box", que está em cartaz na Netflix - Merrick Morton/Netflix

Uma das melhores características de "Bird Box" (“Caixa de Pássaros”, R$ 34,90, Intrínseca, 268 págs.) só é destacada ao fim do (aguardado) filme da Netflix, inspirado no livro de suspense de Josh Malerman.

É a maneira como são chamados os filhos da protagonista, Malorie (Sandra Bullock): Menino e Menina, e também a forma com que eles se referem a ela. Pelo nome. É uma maneira simples e forte de tentar tirar os laços emocionais do que eles de fato são ali, uma família.

Assim como o filme faz de modo competente, o livro alterna passado e presente para contar o que aconteceu com o planeta a partir do momento em que estranhas criaturas provocam uma violenta epidemia de suicídios na sociedade.

Logo os sobreviventes se dão conta de que suas vidas dependem de não colocarem os olhos nos seres misteriosos, o que os obriga a viverem confinados e a só saírem às ruas protegidos por vendas.

Em um primeiro momento da narrativa, Malorie está grávida e ainda vive o conflito de não saber ao certo se quer ser mãe. Já no presente, ela aparece responsável por duas crianças da mesma idade, um menino e uma menina, por quem é responsável e possui claramente uma relação maternal e de carinho.

Com eles, ela toma a arriscada missão de descer às cegas as corredeiras de um rio, ao longo de dias, em busca de ajuda. Há um contraponto importante sobre as duas formas com que essa história é contada. Na literatura e no cinema.

Se na segunda o que o diretor faz é justamente compor uma narrativa visual de personagens proibidos de enxergar, na primeira, o leitor não tem outro recurso a não ser imaginar não só a figura da mocinha e seus filhos, mas também a das criaturas malignas, colocando-se, assim, de certa forma, na posição dos personagens –condenados à morte caso conheçam a fisionomia dos inimigos.

Em ambas as artes, o medo do desconhecido é o principal elemento atrativo da narrativa. Bem real.