Bate-Papo na Web

O que leva alguém a acreditar em qualquer um que aparece no YouTube?

Coluna levanta hipóteses sobre por que certas pessoas caem tanto em fake news

Logo do YouTube - Martin Bureau-26.jan.2021/AFP

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Minha tia não queria que a filha vacinasse seus netos. Ela fala que agora ninguém a engana porque ela tem o YouTube, logo ela confia mais em videozinhos da internet do que nos médicos. Recebi a mensagem de leitor a propósito da última coluna, sobre fake news (notícias falsas) e vacinas.

Fico pensando o que acontece na cabeça de certas pessoas. Por que preferem acreditar em qualquer idiota do YouTube em vez de médicos e cientistas? A primeira opção que vem à mente é a falta de intimidade com tecnologia. Por receber “informação” em um meio tecnológico (um celular, um computador), pode ser que a mentira ganhe ares de autoridade.

Afinal, se alguém aparece numa tela (e ainda mais se tem muitos seguidores, fala bem, tem carisma), exerce um certo fascínio em determinado público —parecido com o apelo que a TV já despertou, mas pior, porque a celebridade de internet parece mais próxima, menos inacessível e às vezes até responde aos seguidores. É como se fosse nossa amiga, por isso, como não acreditar nela?

Se a pessoa estudou, tem menos chance de cair na conversa de qualquer um. Por isso é tão importante a educação midiática, para que as crianças aprendam cedo a lidar com desinformação. Mas, infelizmente, só educação não é garantia, pois há muita gente estudada que acredita que a Terra é plana ou que vacinas fazem mal. Então, o que passa?

Parece que há certos traços de personalidade que tornam a pessoa mais suscetível. Gente que tem uma quedinha por teorias da conspiração, frustrados que gostam de se sentir importantes, de “saber” algo que o resto do mundo desconhece. Para esses, é mais confortável viver em realidade alternativa, onde fatos não existem.

Como já disse o escritor Umberto Eco, as redes sociais deram voz a uma “legião de imbecis”, que antes falavam em um bar, sem prejudicar a coletividade. “O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.”