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Com o corpo coberto apenas com tinta preta e dourada, representando Oxum, Bianca Monteiro conquistou a Sapucaí e o coração dos leitores do F5. A rainha de bateria da Portela desbancou famosas como Paolla Oliveira, Sabrina Sato e Viviane Araújo e venceu a enquete feita com os leitores, sendo escolhida a melhor rainha do Carnaval carioca de 2024.
"Significa que o trabalho foi bem feito", diz Bianca, que neste sábado (17) vai representar sua escola, que ficou em quinto lugar, no desfile das campeãs. "Claro que a gente sempre quer ser a campeã do Carnaval", diz. "Mas para nós, que vivemos do samba, ter o trabalho de um ano inteiro julgado em apenas um dia não é um processo fácil".
No Rio, Bianca teve 56% dos votos, contra 27% de Paolla, rainha da Grande Rio, 6% de Viviane, do Salgueiro, e 2% de Sabrina, da Vila Isabel.
Diferente das colegas famosas, Bianca respira Carnaval o ano inteiro. Cria de Madureira, ela começou a desfilar aos 14 anos, como passista, depois como princesa, até que em 2017 recebeu o convite para ir à frente da bateria, conta ela, que também toca tamborim. "A gente não procura a fama, e sim reconhecimento. Não desmereço o trabalho de ninguém, mas hoje as pessoas aclamam mais o sambista. O samba é quem eu sou, é minha essência, minha raiz, minha história. Não tem valor maior do que ser reconhecida pelo que eu faço".
Há três anos, ela toca o projeto social Oficina de Arte Paulo da Portela, onde a comunidade recebe aulas de literatura, samba, canto, maquiagem e todo o tipo de atividade ligada ao Carnaval. "Todos os professores são da Portela e a ideia é levar conhecimento para que as pessoas saibam que o trabalho do sambista é muito mais que só o samba", conta.
"Vivemos em um tempo em que não cabe mais a falta de conhecimento e a falta de estudo", diz Bianca. Tudo que eu tive de dificuldade, tento fazer diferente para essa nova geração". Na oficina de arte, ela e os alunos de literatura fizeram durante seis meses a leitura comentada do livro "Um Defeito de Cor", que baseou o samba-enredo da escola neste ano.
Oxum dividiu águas
Iniciada no Candomblé e filha de Iansã, Bianca se sentiu orgulhosa de representar a orixá Oxum. "Oxum foi a divisora de águas: dividiu opiniões na internet", se diverte ela, que ficou receosa de entrar na avenida totalmente nua, vestindo apenas pintura corporal e tapa-sexo.
"Durante esses sete anos como rainha de bateria, nunca tinha causado tanta movimentação em relação a uma fantasia", conta. "É muito forte representar uma orixá em um enredo tão intenso, sobre a nossa luta por igualdade e contra o preconceito."
Bianca conta que ficou receosa de desfilar nua e desagradar a comunidade. "A Portela é uma escola em que 80% dos componentes são idosos", explica. "Sempre tive muito cuidado com minha comunidade. Nós mulheres sambistas lutamos muito por essa questão, porque infelizmente vivemos em um país preconceituoso com relação ao corpo da mulher", diz.
"Mas quando olhei a pintura pronta, com a cabeça, com o espelho, fiquei impactada com o resultado final", conta ela, que manteve toda a sua rotina de agrado aos orixás para garantir que desse tudo certo na avenida.
Em São Paulo, a campeã da enquete foi Viviane Araújo, rainha da Mancha Verde, que desfilou o enredo "Do Nosso Solo para o Mundo". Com tema que homenageou a agropecuária, Viviane entrou vestindo as cores da escola, chapéu de vaqueiro e botas de cano alto. A atriz teve 49% dos votos, contra 29% de Sabrina, rainha da Gaviões, e 6% de Juju Salimeni, da Barroca Zona Sul.