Símbolo de luxo, Baile do Copa é para quem quer ver e ser visto (e pode pagar até R$ 5.786)
Quem chegar sem black tie ou fantasia de luxo é barrado na porta
O Baile do Copacabana Palace representa há 95 anos o que há de mais luxuoso na celebração do Carnaval no Rio de Janeiro. Longe das aglomerações regadas a cerveja e sob o sol do verão nos blocos de rua, a festa de gala que acontece neste sábado (3) é para quem quer ver e ser visto.
“É muito mais uma 'passeggiata' [passeio] do que um baile de pula pula. É para as pessoas verem e serem vistas. Existe um jantar elegantíssimo, reuniões de grupos de pessoas que vão todos os anos. Pessoas que vão com suas roupas elegantíssimas”, resume o cenógrafo Mário Borriello, que já teve passagem por diversas escolas de samba e, desde 2016, é responsável por dar vida ao tema do ano na decoração do Baile do Copa.
Assim, esqueça as fantasias improvisadas. Apesar de o baile ser realizado à beira da praia, em pleno verão carioca, só entra quem estiver de black tie, o que significa smoking ou vestido longo, ou fantasias de luxo. Para garantir que o figurino seja respeitado, há sempre alguém da equipe do hotel na entrada para vetar discretamente quem fugir ao protocolo.
"Se vier de bermuda ou fantasiado de enfermeiro, de pijama, de Soneca, não vai entrar. Não é um bloco, é um baile de gala. As pessoas querem se arrumar e ver gente arrumada”, corrobora Andréia Natal, diretora-geral do Copacabana Palace há sete anos e moradora de um apartamento de 120 m² em um anexo do hotel desde 2002.
Para os despreparados, o hotel dá uma ajudinha. Em um ateliê, é possível personalizar máscaras de Carnaval para complementar o "look". Algumas exceções acontecem. Em 2010, o ator britânico Gerald Butler entrou com uma bata branca na festa e foi mais do que suficiente para encantar quem estava presente. Quem teria coragem de dizer não a ele?
A lista de convidados VIPs da festa é definida por uma equipe de promoters que incluem atualmente Carol Sampaio, Juan Moraes e Liège Monteiro. A organização do hotel não revela quantos convites são enviados todos os anos e diz apenas que esse número varia muito. As únicas com espaço garantido na lista são as ex-rainhas do baile, grupo que inclui Sabrina Sato, Isis Valverde, Luiza Brunet, Grazi Massafera e Luana Piovani.
Personagem principal da festa, a rainha nunca é representada duas vezes pela mesma mulher. A escolhida do ano é definida pela própria equipe do hotel, que, dentre uma lista prévia de celebridades que gostariam de chamar para o posto, procura a que mais combina com o tema da vez.
Neste ano, o baile será temático da Itália e a rainha será a atriz Deborah Secco. “A gente sempre quis a Deborah como rainha e, neste ano, surgiu essa oportunidade. Ela representa muito bem essa figura feminina. Ela é uma rainha doce, que gosta de estar com as pessoas e gosta do Carnaval”, explica Natal, acrescentando que a atriz é bisneta de italianos e busca obter a nacionalidade do país.
A fantasia que Deborah desfilará no baile é “segredo de Estado”, segundo Natal, que deve usar ela própria um vestido de gala assinado pelo italiano Roberto Cavalli. "Para mim, ser rainha é algo muito distante, porque a minha vida é muito real. Não lido com isso diariamente. Então, é um sonho. Sou uma pessoa abençoada", disse a atriz.
SELEÇÃO EXCLUSIVA DE CONVIDADOS
Para quem não emplaca essa seleção exclusiva de convidados, é possível comprar um ingresso, que custa R$ 2.100 (avulso), R$ 3.040 (salão Nobre), R$ 3.990 (Golden Room), R$ 5.786 (camarote, com a exigência de haver no mínimo dez pessoas).
O convite inclui o direito a uma entrada digna de Oscar: são 50 metros de tapete vermelho pela praia até a entrada do hotel, com direito a um grupo de cerca de 400 curiosos (a turma do sereno, segundo Borriello) que se aglomeram nos entornos aguardando a chegada dos famosos.
Para os muito famosos que querem evitar o burburinho “e dar mais de dois passos sem ser parado”, Natal conta que há uma série de entradas no hotel que são usadas como passagens secretas até os camarotes. As portas do salão abrem às 22h, mas a festa só começa mesmo quando a rainha do ano chega com sua fantasia ao lado de Natal, por volta de meia-noite, e, no palco principal, dá início às celebrações.
Até 2015, o cenógrafo Zéka Marquez também participava do cortejo da “realeza” da festa, com direito a fantasias tão exuberantes quanto. Quando Borriello assumiu o posto, após 23 anos do “reinado” de Marquez, preferiu ter uma participação mais discreta. Seu figurino é sempre o mesmo: “black tie, 'tuxedo', discretíssimo”. “O que tem que aparecer é meu trabalho”, afirma.
O baile não tem hora definida para acabar. Natal garante que nunca teve que expulsar foliões para fechar o salão. "É sempre o comportamento de uma festa animada, sem excessos."