Justiça mantém condenação de responsáveis por racismo contra Maju Coutinho
Homens usaram perfis falsos em redes para atacar jornalista da Globo
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A Justiça de São Paulo manteve por unanimidade nesta terça (18) a condenação de dois homens por atos de racismo e injúria racial contra a jornalista Maju Coutinho, da Rede Globo. Eles também foram condenados por falsidade ideológica e corrupção de menores por terem induzido três adolescentes à prática do mesmo crime. A decisão é em segunda instância e cabe recurso.
Érico Monteiro dos Santos e Rogério Vagner Castor Sales, utilizando perfis falsos em redes sociais, acessaram a página da emissora e proferiram injúrias contra a jornalista, referindo-se a sua raça e cor. O relator do recurso, desembargador Augusto de Siqueira, disse que as ofensas atingiram um "número indeterminado de pessoas, não apenas a ofendida, de modo que bem configuram o crime de racismo".
Procurada, a defesa de Santos e Sales não se manifestou até a conclusão deste texto.
Para o desembargador Siqueira, é inegável que os réus queriam praticar e incitar a discriminação com mensagens contra uma coletividade, com base na raça e na cor da pele. "Estavam plenamente cientes de que as publicações tinham conteúdo reprovável –aliás, criminoso–, com repercussão negativa, suficiente para a retirada da página do Jornal Nacional do ‘ar’, após serem denunciadas", disse o magistrado.
O relator aceitou o recurso da defesa para o crime de associação criminosa em que os réus foram condenados em 1º grau. Ele disse que, apesar do número elevado de pessoas, não há certeza de que se reuniram para praticar mais do que os delitos narrados nem se eles eram estáveis e permanentes.
Santos foi condenado a cumprir cinco anos e três meses de reclusão, e Sales a quatro anos e seis meses, ambos em regime inicial semiaberto. Eles seguem em liberdade até o processo ser transitado em julgado (quando não cabem mais recursos, e a ação é finalizada).
ENTENDA
Maju sofreu as ofensas racistas na noite de 2 de julho de 2015, em uma publicação com a sua imagem na página oficial do "JN" no Facebook. Alguns internautas fizeram piadas e publicaram comentários pejorativos e racistas, como "Só conseguiu emprego no 'Jornal Nacional' por causa das cotas. Preta imunda" ou "Vá fazer as previsões do tempo na senzala".
Revoltados, internautas, telespectadores, famosos, colegas de redação e profissão saíram em defesa da jornalista e publicaram comentários de repúdio.
Formada pela Cásper Líbero e com rápida passagem pela TV Cultura, Maria Júlia iniciou a sua carreira no jornalismo da Globo como repórter de telejornais locais, em São Paulo. Se tornou pouco tempo depois a apresentadora da previsão do tempo nos jornalísticos SPTV, Bom Dia São Paulo, Bom Dia Brasil e também no Hora 1.
Em abril de 2015, ela se tornou titular da função no Jornal Nacional e ganhou notoriedade por imprimir um estilo mais descontraído na interação com o âncora William Bonner. Em 2019, ela assumiu a bancada do Jornal Hoje e, no ano passado, se tornou apresentadora do Fantástico ao lado de Poliana Abritta.