Príncipe Harry revela luta de duas décadas para lidar com morte da mãe
O príncipe Harry revelou que chegou perto de um colapso emocional e que precisou buscar ajuda profissional após passar quase duas décadas evitando falar sobre a morte da mãe, a princesa Diana.
"Foram 20 anos sem pensar nisso, e dois de caos total", contou Harry em entrevista ao jornal britânico "Daily Telegraph".
A princesa Diana morreu em um acidente de carro em Paris em agosto de 1997, quando Harry tinha 12 anos e o príncipe William, 15.
Hoje com 32 anos, Harry revela ter começado a lidar com a dor da perda apenas aos 28 anos. Ele conta que esteve "à beira de agredir alguém" e que enfrentou grande ansiedade durante compromissos reais.
Ele contou que praticar boxe o "salvou", ao ajudá-lo a extravasar sentimentos agressivos.
"Eu provavelmente estive perto de um colapso nervoso em várias ocasiões", comenta Harry. "Perder minha mãe aos 12 anos e desligar minhas emoções pelos últimos 20 anos provocou um efeito sério não apenas em minha vida pessoal, mas na profissional
"Por causa do processo pelo qual passei nos últimos dois anos e meio, eu hoje levo meu trabalho e minha vida privada com seriedade; e coloco sangue, suor e lágrimas em coisas que realmente fazem a diferença e que farão a diferença para outras pessoas", acrescentou.
Atualmente, Harry diz ter controlado sua saúde mental e advoga contra o estigma sobre o assunto. Harry, o irmão William, e a cunhada, Kate, respectivamente duque e duquesa de Cambridge, coordenam juntos a campanha Heads Together, de promoção à saúde mental.
'Cabeça na areia'
Perguntado sobre se ele fez terapia, Harry disse: "Eu fui algumas vezes, mais do que isso, mas é ótimo".
Para Harry, os psicólogos são "as melhores pessoas - e as mais fáceis" para se falar sobre determinados assuntos. "Alguém que você não conhece. Você senta no sofá e diz, 'olha, eu não preciso de conselho. Você pode só ouvir?' E você bota tudo para fora."
Antes, no entanto, tentou evitar por muito tempo pensar na morte da mãe: "Minha forma de lidar com isto foi enfiar a cabeça na areia e me recusar a pensar sobre minha mãe, porque como aquilo iria me ajudar?".
"[Eu pensava] que apenas me deixaria mais triste, e não a traria de volta. Então do lado emocional, eu era como 'ok, nunca deixe suas emoções influenciarem em nada'."
Harry se descreveu como um "típico homem de 20, 25, 28 anos correndo por aí dizendo 'a vida é ótima'".
"E então, eu comecei a ter algumas conversas e de repente, toda a tristeza que eu nunca tinha processado começou a aparecer, e eu percebi que tinha realmente um monte de coisas com as quais eu tinha que lidar."
Harry contou que seu irmão deu um "um grande apoio" e foi quem o incentivou a agir: "Ele dizia: 'isto não está certo, isto não é normal, você precisa falar sobre essas coisas'".
Entrevista franca e aberta
O príncipe Harry conversou com a jornalista britânica Bryony Gordon, do "Telegraph", durante um chá no Palácio de Kensington, em Londres.
Gordon, que já tinha falado abertamente sobre sua luta contra a bulimia, alcoolismo e transtorno obsessivo compulsivo, disse que os dois ficaram sozinhos num cômodo por meia hora, quando foi gravado um podcast sobre saúde mental.
"Ele é muito articulado e uma boa pessoa. Eu fiquei impressionada quando ele falou tão franca e abertamente sobre o assunto", afirmou Gordon.
"Ele falou sobre como precisou fazer terapia e como sua vida tinha se tornado um caos. Ele disse: 'Eu não tinha problema, eu era o problema', e seu irmão tentou intervir e ele (Harry) o ignorou até bem recentemente", acrescentou.
Harry confessou estar um pouco nervoso para a entrevista, mas que estava determinado em "fazer a diferença" e acabar com o estigma na discussão sobre doenças mentais.
"Quando você começa a falar sobre isso, você percebe que você faz parte de um grupo grande", diz Harry.
Prática de boxe
Harry diz que a prática de boxe o ajudou a evitar que agredisse alguém. "O boxe realmente me salvou porque estava à beira de bater em alguém, então bater em alguém com proteção foi certamente mais fácil."
E ainda garante que seu estado mental não teve relação com o serviço que prestou como soldado no Afeganistão.
"Posso dizer com certeza que isto não tem relação com o Afeganistão. Não sou um daqueles caras que teve de ver seu amigo explodir ao seu lado e fazer um torniquete em suas pernas. Por sorte, graças a Deus, eu não passei por isso", afirma.
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