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Pago menos mico que a Dona Nenê, diz Marieta Severo

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Há 11 anos, Dona Nenê (Marieta Severo) se mete nas maiores confusões para manter a família unida.

A dona de casa mais famosa do país mostra semanalmente as facetas mais diversas de sua personalidade em "A Grande Família" (Globo).

A última delas foi a de mulher ciumenta: Nenê ficou simplesmente possessa quando viu Lineu (Marco Nanini) sendo cortejado por uma colega de trabalho.

No episódio desta quinta-feira (15), ela vai estar às voltas com o filho Tuco (Lúcio Mauro Filho), que finalmente sai de casa.

"Ela é dona daqueles homens que moram na casa dela", contou a atriz. "Eu sou mais analisada que a Dona Nenê, então eu consigo pagar menos mico do que ela."

Segundo Marieta, nunca lhe passou pela cabeça que o programa ficaria tanto tempo no ar.

"Se me falassem que seriam 11 anos, eu ia falar: 'Não, gente, sem chance! Não vai dar para mim, não'", brincou. "Eu não penso nesse tempo. Se eu pensar, me dá uma sensação muito estranha. Meu Deus do céu, existe isso? Ficar onze anos fazendo o mesmo personagem? Então, a gente vai vivendo, como é a vida."

Perguntada se já recebeu convites que a deixaram tentada a largar a mãe coragem da TV brasileira, ela respondeu que sim, mas que considerou seu compromisso com a série mais importante.

Recentemente, por conta da agenda atribulada, ela recusou o papel de Dilma Rousseff em um filme sobre a vida da presidente.

"É um grande personagem, sem dúvida. Uma mulher com uma vida rica, interessantíssima", afirmou. "Mas eu não sei como isso estava no papel. Eu não cheguei a ler o roteiro."

Mesmo tendo que abrir mão de algumas coisas, a atriz diz que continua na série pelo tempo que for preciso.

"Todo mundo tem uma intimidade com esses personagens muito grande. A tendência, eu acho, é querer não se despedir deles", contou. "Agora o que vai acontecer eu não sei te dizer. Eu vou deixando o tempo passar para ver."

Entre as gravações da série e do filme "Vendo ou Alugo", de Betse de Paula, e viagens com a peça "As Centenárias", a atriz conversou, por telefone, com o F5.

Leia a íntegra do bate-papo abaixo

Crédito: Fabrício Mota/Divulgação/TV Globo Marieta Severo
Marieta Severo caracterizada como Dona Nenê, personagem que ela interpreta há 11 anos em "A Grande Família"


F5 - Nos últimos episódios, a gente viu a Dona Nenê morrendo de ciúmes do Lineu com a Stela, vivida pela Giulia Gam. Depois de tanto tempo, ela ainda tem algum motivo para desconfiar minimamente dele?

Marieta Severo - Mulher ciumenta é fogo. Não tem lógica, não. Bate naquela tecla do ciúme, ela vai e reage. Eu acho que tem mulheres que são capazes disso. Eu sou mais analisada que a Dona Nenê, então eu consigo pagar menos mico do que ela. A Dona Nenê é uma passional, ela não tem ciúme só do Lineu. Ela tem ciúme do Tuco. Ela é dona daqueles homens que moram na casa dela. Ela é muito possessiva, ela é louca. O Tuco não tem namorada que chegue perto que ela goste. Ela começa logo a implicar. O Lineu também não pode nem olhar para o lado. É um terror a Dona Nenê. Mas ela é do bem, no final das contas tudo fica na harmonia.

A Dona Nenê tem citado a Dilma Rousseff e você recusou o papel dela em um filme sobre a vida da presidente. O que ocorreu?

Foi uma questão de agenda. Por mais que eu goste de trabalhar e por mais que eu faça quinhentas coisas ao mesmo tempo, o dia só tem 24 horas. Tem uma hora que não dá. Eu tenho um filme para fazer depois desse, tem "A Grande Família", a agenda não ia bater. Eu não cheguei a ler o roteiro. Foi uma coisa avassaladora de imprensa sem eu ter lido esse roteiro. Eu nem sei se é um grande roteiro. É um grande personagem, sem dúvida. Uma mulher com uma vida rica, interessantíssima. Mas eu não sei como isso estava no papel. Eu não cheguei a ler o roteiro.

Ao longo do tempo em que está em "A Grande Família", já recebeu algum convite que a fez ficar balançada a sair da série?

Eu já recebi convites tentadores, mas eu sabia que a minha relação com "A Grande Família" era mais importante. Eu tenho um amor muito grande pelo programa. É um programa que vive muito da ligação estreita dos atores. Os autores nos alimentam com milhares de histórias que também interagem com nós atores, com os nossos momentos, com o que eles captam ali. Vai muito além de uma relação normal com um programa. É como se a gente tivesse um compromisso com aquilo ali. Então, é difícil você pensar só em você e no seu projeto. Às vezes, claro que passa pela cabeça: "Meu Deus, que vontade de fazer outra coisa!". Mas é difícil pensar só na gente porque temos uma ligação com tudo ali dentro.

Sente saudades de fazer novelas ou acha muito cansativo?

Se trabalhar mais e eu estiver mais feliz do que estou na "Grande Família", vai ser ótimo. Eu não acho trabalho cansativo nunca. Eu sou acostumada com um ritmo de trabalho grande. Nunca tive medo de arregaçar a manga, de trabalhar e de dormir pouco. Estou sempre do teatro para o cinema, do cinema para a televisão e teve épocas na minha vida em que eu fiz as três coisas. Eu sou batalhadora, não tenho medo de ralar, não. Depende sempre da motivação. Quando você está gravando e se alimentando de um trabalho, isso tudo te leva. Agora, eu vou ficar com fim de semana sem folga, mas estou adorando fazer o filme. Eu vou para "A Grande Família" feliz. Fico cansada para caramba, não estou dizendo que não fico. Agora, por exemplo, eu estou com uma gripinha que não vai embora, ela fica rondando. Mas é um estresse bom, se é que isso existe.

E como encarou a saída da Andrea Beltrão, que fazia a Marilda [melhor amiga da Nenê]?

Eu acho que a grande parceira da Dona Nenê era a Marilda. Ela que levava a Dona Nenê para fora de casa. Eu achava bacana essa parceria porque eram duas mulheres tão diferentes e eram amigas. Mas eu estou feliz. A Andrea está em outro programa ótimo, com uma grande parceira, então está tudo certo. A gente continua a nossa maior parceria de todas, que é o Teatro Poeira, que já tem o filhote, o Poeirinha. Nós estamos sempre juntas. Não precisamos de Marilda e de Nenê. Nenê que precisava de Marilda, mas na vida a gente se fala toda hora e se encontra sem parar.

Quando começou a gravar o seriado, imaginava que fosse ficar 11 anos no ar?

Eu não penso nesse tempo, não. Se eu pensar, me dá uma sensação muito estranha. Meu Deus do céu, existe isso? Ficar onze anos fazendo o mesmo personagem? Então, a gente vai vivendo, como é a vida. A gente vai fazendo as coisas dia-a-dia, se envolvendo com ela profundamente em todos os momentos e você não se dá conta. Não tem essa contabilidade interna do tempo todo que passou.

Mas, se soubesse que ficaria tanto tempo no ar, teria aceitado?

Se me falassem que seriam 11 anos, eu ia falar: 'Não, gente, sem chance! Não vai dar para mim, não'. Com certeza. Eu não imaginava nada. Eu tenho, por princípio, uma grande dificuldade de ficar imaginando o futuro. Eu sou agarrada à vida com uma intensidade muito grande, mas no presente. Eu jamais poderia pensar em ficar tanto tempo no ar. Agora, nós fizemos muitas coisas nesse período. Se for pensar nesses onze anos, as peças, os filmes, o Teatro Poeira, o Teatro Poeirinha... Essa estabilidade na televisão, estar com a vida resolvida em três dias de gravação, nos dá chance também de fazer milhares de outras coisas que, de repente, gravando uma novela de segunda a sábado, não daria para fazer.

Você já chegou a rever os primeiros episódios? A Dona Nenê mudou muito ao longo dos anos?

Todo personagem é uma grande tentativa de reproduzir o ser humano. Então, às vezes eu penso como eu era há 11 anos atrás. Eu penso muito rapidinho, para falar a verdade. Eu não gosto de ficar vendo programa que eu já fiz, nem filme que eu já fiz, nem VT de peça que eu já fiz. Não tenho essa ligação, não. Às vezes, quando eu estou fazendo uma cena me passa isso na cabeça. Como era a Nenê quando eu comecei? Será que ela mudou muito? Ela deve ter mudado, porque os 11 anos passaram para ela também. Ela viveu dentro daquele universo, ela é uma mulher do lar, teve algumas tentativas de trabalhar fora, tudo mudou dentro da casa dela, o Lineu está 11 anos mais velho, os filhos estão 11 anos mais velhos... Isso tudo, é claro que cria uma mudança. Eu imagino que se eu for ver a Dona Nenê de 11 atrás e a Dona Nenê de agora, o jeito dela mudou. Além da minha mudança física, porque os 11 anos estão aqui estampados. Você não pode congelar, engessar o personagem. O personagem está ali, ele vai crescendo, ele vai vivendo. Eu imagino que ela esteja diferente. Mas eu não pego o DVD antigo para ver o quão diferente está.

Na sua opinião, o programa ainda tem fôlego para quanto tempo?

Eu acho que o programa está muito fresco. Está com muito vigor. Inclusive, neste ano entrou em uma outra fase, já que nós tivemos mudança de direção. Ele sempre está com elementos novos que alimentam os trabalhos dos atores. Isso é que é importante. "A Grande Família" nunca foi um programa mecanizado, estagnado, que ficasse vivendo sempre daqueles elementos da mesma forma. A cada ano se procurou reinventar um pouco, mesmo que o público não perceba exatamente no que. Mas as mudanças estão lá. E o público sente que tem uma energia muito viva. Isso alimenta o público e a gente. Eu acho que o programa tem fôlego. Acho que ele mantém uma relação com o público muito comunicativa. "A Grande Família" faz parte da família brasileira. Todo mundo tem uma intimidade com esses personagens muito grande. A tendência, eu acho, é querer não se despedir deles. Agora o que vai acontecer eu não sei te dizer. Eu vou deixando o tempo passar para ver.

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