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Esse amor excessivo pelos vilões me incomoda, diz atriz que vive neonazista em novela

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Interpretando a primeira vilã de sua carreira em "Vitória" (Record), Juliana Silveira não espera ser recebida pelo público com a mesma simpatia de outros malvados da teledramaturgia brasileira recente.

Sua personagem, Priscila, é líder de uma das células da organização neonazista apresentada na novela e pratica atos de violência contra negros, nordestinos e homossexuais.

"Não tem desculpa para a Priscila, ela foi feita para ser odiada", disse em entrevista ao "F5". "A gente vem de uma leva de vilões amados pelo Brasil, o que muito me incomoda, esse amor excessivo aos vilões. Acho que vilão é vilão. Uma neonazista é uma neonazista, não tem como você se identificar. Se você se identifica com ela, você está com algum problema."

A atriz considera as ações da personagem bastante perturbadoras e contou que, mesmo satisfeita com o convite para ser vilã, levou um susto ao saber que seria uma neonazista.

"Quando fui pesquisar e ler sobre o assunto chegou um momento que fiquei com raiva da Priscila e, por isso, decidi parar, se não eu não conseguiria fazer meu trabalho", contou.


Como laboratório, Juliana e os outros atores do núcleo dos neonazistas participaram de workshops com uma professora de história e assistiram a filmes que tratam da questão. A atriz também clareou os cabelos para ficar mais loira e adotou um figurino mais fechado, para encobrir as oito tatuagens que Priscila tem espalhadas pelo corpo, com símbolos neonazistas.

Perguntada qual a cena mais difícil de gravar, Juliana escolheu o momento em que o grupo de Priscila ateia fogo a um ônibus com trabalhadores nordestinos na Via Dutra.

"A gente gravou essa cena de madrugada, três dias seguidos. Fui dormir às cinco da manhã, acordei às 11h para ficar com meu filho e estava com dor de cabeça. Isso nunca tinha me acontecido, cabeça pesada, corpo doído. É uma carga que fica", afirmou.

Para extravasar as energias negativas da personagem, a atriz recorre à superstição e à religião.

"Tomo banho de sal grosso, rezo que nem uma louca e peço misericórdia. Sou toda carola. Rezo muito antes de fazer cena externa. Antes era para pedir proteção, hoje rezo o dobro. O pior é que é um tema que não é ficção, é um tema que existe mesmo", revelou.

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