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O cartão de visitas do criador dos "Simpsons"

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Frequentemente, o criador de um seriado se torna tão famoso quanto seus protagonistas. No caso de "Os Simpsons", que é uma animação, isso fica ainda mais evidente.

Matt Groening, o homem por trás da família amarela, é tratado não só como o gênio criativo que é. Para além disso, é como se os fãs vissem nele uma forma de dialogar com os personagens malucos que saíram de sua imaginação.

Após participar de um encontro com a imprensa para apresentar a 23ª temporada da série, tive a sensação de que ele, de fato, é a personificação de muito do que se vê na tela. Bem-humorado, brincalhão, sarcástico e nem um pouco afetado.

E olha que ficar na frente de um batalhão de jornalistas estrangeiros logo depois da tensa renegociação de contratos que quase custou a renovação da série não era tarefa fácil.

Uma colega da Finlândia, por exemplo, não sabia que o saldo das negociações havia sido positivo e começou sua pergunta da seguinte forma: "Essa vai ser a última temporada dos 'Simpsons'...".

"Não vai, não", cortou o criador, calmo.

Pouco depois, eu perguntei como tinha sido o período em que a série correu o risco de ser cancelada.

As assessoras de imprensa da emissora tremeram, mas ele nem se abalou e respondeu de forma tranquila que todos amavam tanto trabalhar na série que concordaram em diminuir os próprios salários para salvá-la.

Crédito: Eduardo Anizelli/Folhapress Cartão de visita do criador da série "Os Simpsons", Matt Groening
O cartão de visitas do criador de "Os Simpsons", Matt Groening, que tem apenas o endereço de sua caixa postal

Outra pergunta minha que poderia não ter sido bem recebida foi sobre a polêmica do episódio que mostrava um Rio de Janeiro sujo, violento e cheio de macacos.

Mais uma vez, ele explicou com bom humor que sabia que não entendia nada sobre o Brasil e que a piada era justamente essa.

Terminada a entrevista sobre os "Simpsons", Groening ficou de bobeira na sala, enquanto esperava os atores que dublam as vozes de "Futurama" para uma entrevista sobre sua animação futurista.

Como ainda tinha perguntas que não tinha conseguido fazer na coletiva, aproximei-me e perguntei se ele acompanhava a escolha das vozes dos personagens em outros idiomas.

Ele disse que desistiu de fazer isso, porque não entendia nada, e já foi logo querendo saber de onde eu era. "Do Brasil", respondi.

"As pessoas ficaram bravas com o episódio do Rio, mas eu ainda acho que ele é hilário", confessou. Concordei.

Terminadas as duas rodadas de entrevistas, ainda encontrei com o criador dos "Simpsons" uma última vez, no lobby do hotel onde elas ocorreram.

Ele apertou a minha mão e me deu seu cartão de visitas. Olhei curioso, já que não é todo dia que uma pessoa desse calibre te passa um contato que não seja o de sua assessoria de imprensa.

Mas, após 23 anos lidando com fãs, recebendo pedidos de foto e autografando todo tipo de material promocional, mesmo ele se deu conta de seu status de celebridade.

"Só tem o endereço da minha Caixa Postal", explicou. "Podem me escrever se quiserem."

Pelo menos foi um bom souvenir.

O jornalista VITOR MORENO viajou a convite da Fox

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