Incêndio no Grande Avenida deixa 17 mortos
No dia 14 de fevereiro de 1981, o edifício Grande Avenida, localizado no número 1.754 da avenida Paulista - onde ficava a torre de transmissão da TV Record - foi cenário de uma das maiores tragédias ocorridas na capital paulista. Um incêndio de grandes proporções deixou 17 mortos e dezenas de feridos e fez parar a principal avenida de São Paulo.
Sob a manchete "Inferno na torre da Paulista", publicada em 15 de fevereiro daquele ano, o "Notícias Populares" divulgou inicialmente como sendo 6 o número de mortos no desastre. A informação havia sido dada pelo então secretário da Segurança Pública de São Paulo, o desembargador Octávio Gonzaga Junior, que ainda não dispunha da apuração final da quantidade de vítimas até o fechamento da edição do periódico. O número oficial de 17 mortos só foi informado pela imprensa dois dias após o desastre.
O incêndio começou minutos antes do início da tarde daquele trágico sábado de 14 de fevereiro de 1981 e só foi controlado por volta das 16h30. Os primeiros sinais de chamas apareceram na primeira sobreloja do edifício, que era ocupada pela parte administrativa da Toyobo do Brasil Indústria Têxtil S/A. A causa, de acordo com os peritos do Instituto de Criminalística, havia sido um curto-circuito na rede elétrica, ocorrido a partir de uma fiação solta no forro de um dos espaços ocupados pela empresa, além de inúmeras falhas nas instalações do edifício, que mais cedo ou mais tarde poderiam proporcionar outros acidentes.
Conforme relatos da própria polícia, o "Notícias Populares" informou que o alerta para o incêndio foi dado pela repórter Adélia Borges, da Rádio Excelsior, que passava pelo local no momento em que ouviu uma explosão vinda do prédio. Curiosa, a jornalista foi ver o que era e percebeu que havia um princípio de fogo no edifício. Por intermédio do carro de sua equipe de reportagem, pelo rádio, solicitou bombeiros para o local.
Além de todo o contingente disponível do Corpo de Bombeiros, o incêndio do Grande Avenida mobilizou também 10 helicópteros do 4º Comando Aéreo Regional, o Comar, e ainda cerca de 40 viaturas, entre ambulâncias e carros de vários setores da polícia, que também ajudaram na locomoção das dezenas de vítimas.
O edifício Grande Avenida teve sua construção iniciada em 1962 e concluída em 1966. Em janeiro de 1969, o prédio já havia sido alvo de outro grande incêndio, que chegou a atingir 14 dos seus 20 andares. No entanto não houve vítimas, uma vez que os primeiros sinais de chamas foram notados logo de manhã, por volta das 6h. Em outubro de 1991, outros três focos de fogo foram descobertos no edifício. Também não houve feridos.
Já no incêndio de 1981, a falta de água foi um agravante no salvamento às vítimas. A tampa de um hidrante da avenida Paulista estava emperrada, e as mangueiras só começaram a funcionar 25 minutos após a chegada dos primeiros caminhões-pipa.
A edição do "NP" de 16 de fevereiro, por meio do depoimento de um dos oficiais do Corpo de Bombeiros, frisou que o desastre só não teve maior dimensão por ter ocorrido em um fim de semana, quando a maior parte dos cerca de 1.400 funcionários das várias empresas situadas no edifício não estava trabalhando.
O "Notícias Populares" informou ainda que apenas o pavimento térreo - onde funcionavam as agências do Banco de Crédito Real de Minas Gerais e do Bradesco - além dos três últimos andares, não foram totalmente atingidos pelo fogo.
O incêndio do Grande Avenida foi considerado na época a terceira maior catástrofe ocorrida em São Paulo, perdendo apenas para os dos edifícios Joelma, em 1974, que deixou um saldo de 188 mortos, e o do Andraus, em 1972, com 16 mortos e centenas de feridos. Ambos coincidentemente ocorridos no mês de fevereiro.
Cinco pessoas foram indiciadas pela tragédia do Grande Avenida, contudo, em 1986, apenas duas foram condenadas: o síndico José Francisco de Miranda Fontana, que era também procurador de uma das empresas localizadas no prédio, e o administrador e corretor Francisco Manuel de Souza Queiroz Ferraz, sócio da G.T.A (Grupo Técnico Administrador S/C Ltda.), que administrava o edifício na época. Os dois foram sentenciados pelo juiz Tércio José Negrato, da 9º Vara Criminal de São Paulo. Porém, por serem réus primários e terem bons antecedentes, tiveram, de forma condicional, a suspensão de suas penas.
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