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Incomodado com palavras estrangeiras, aposentado processa TV pública no Japão

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Um aposentado japonês pediu indenização à rede de televisão pública do Japão NHK pelo uso excessivo de palavras estrangeiras.

Hoji Takahashi, 71, cujo pedido monta 1,41 milhões de ienes (cerca de R$ 31.800), diz que o excesso de estrangeirismos niponizados o impede de entender conteúdos e lhe causa "angústia emocional".

Ele denuncia, por exemplo, o uso dos termos "toraburu" e "kea", corruptelas japonesas, respectivamente, para as palavras inglesas "trouble" ("problema", em português) e "care" ("cuidado").

Takahashi afirma ainda que os espectadores de mais idade e que, como ele, não estudaram outros idiomas no colégio, são incapazes de entender os significados.

Takahashi é o líder de um grupo chamado "Nihongo wo Taisetsunisuru Kai" ("Associação Sobre a Importância do Uso do Japonês"). Ele disse ter escolhido o valor de 1,41 milhões de ienes justamente para que, segundo o código civil do país, a causa seja apreciada por tribunais superiores.

"Meu cliente teme que o Japão tenha se tornado uma província da América", disse à agência de notícias AFP seu advogado, Mutsuo Miyata. No requerimento apresentado na quarta passada, o aposentado --que mora em Gifu, no centro do país-- pondera ainda que na maior parte das vezes há alternativas mais simples em japonês.

As apropriações linguísticas, porém, derivam de necessidade ligada à pronúncia nipônica. São de uso corrente na sociedade japonesa e derivam, em certos casos, da introdução cultural.

Após a abertura dos portos japoneses no fim do século 19, o país deixou uma economia quase feudal e abriu-se a itens ocidentais, como garfo e faca.

"Tentei contato com a NHK para falar sobre isso, mas não houve resposta, então decidi levar a questão aos tribunais", disse Takahashi à agência local Kyodo. Embora admita que o fenômeno não é exclusivo da emissora, ele acrescentou que "a cadeia, pública e de ampla cobertura, deve ter em mente telespectadores como eu na hora de preparar seus programas".

Representantes do canal público não quiseram comentar a demanda, cujos argumentos jurídicos afirmaram estudar.

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