Factoides

HUMOR: A incrível geração de mulheres que escrevem textos chatos sobre incríveis gerações de mulheres

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Se você, portador de cromossomos XY, estiver cogitando o que um tio meu —alma pouco delicada— chamaria de podar a mandioca, ou apenas quiser seguir o exemplo crossdresser do Laerte, reconsidere.

Além das óbvias vantagens da condição de macho-adulto-opressor, ser mulher é difícil, caro (como o próprio Laerte já constatou) e, em certos casos, tem como efeito colateral aqueles textos sobre "incríveis gerações de mulheres" —uns respondendo aos outros, numa DR interminável.

Mulher A diz que foi criada pra ser tudo o que um homem não quer. Mulher B diz que isso é besteira e chama a mulher A de chata. Mulher C diz que as mulheres A e B acham, como as avós delas, que o grande objetivo da vida delas é ter um homem pra chamar de seu ("mesmo que esse homem seja eu", como diriam Erasmo Carlos e Marina Lima). Mulher D dá uma bronca em A, B e C, diz que essa discussão não leva a nada e todas têm que se amar. E assim vai, até esgotar o alfabeto e ir além.

Sei que a internet dá espaço à vontade pra sermos chatos —eu mesmo exerço aqui semanalmente o meu direito à chatice. Além disso, estou ciente de que, ENQUANTO ser dotado de cromossomos XY, eu nem deveria abrir a boca sobre esse assunto. Mas concordo com minha amiga Camila : incrível mesmo é a geração das "mulheres invisíveis" (sempre pobres, geralmente negras) que se matam de trabalhar para que moças brancas de classe média saiam por aí sendo incríveis.


Já falei mal aqui da turma que usa "complexo de vira-lata" pra tudo. Mas reparem: se há um lugar em que o tal complexo não existe, é o nosso futebol. NUNCA é o adversário que joga melhor, é sempre a gente que falha. Tudo bem que a seleção jogou mal mesmo contra o Chile, mas o torcedor brasileiro médio prefere morrer a simplesmente desconfiar -por meio segundo- que o outro time possa ter sido superior. A final de 1998, por exemplo, fez todo tipo de teoria conspiratória ("venda da Copa" etc.) brotar do chão. A verdade era uma só, por mais sem graça que fosse: a França jogou melhor, ponto.

No futebol, o Brasil padece de complexo de pitbull. Talvez isso tenha a ver com a pressão que a garotada da seleção está mostrando que sente. É só uma hipótese -já que todo mundo virou técnico, eu também quero chutar.

Crédito: Odd Andersen/AFP Eu vejo essa foto do Thiago Silva e "Under Pressure", do Queen, começa a tocar na minha cabeça
Eu vejo essa foto do Thiago Silva e "Under Pressure", do Queen, começa a tocar na minha cabeça


Antes do jogo com a Colômbia, as TVs, as rádios, os jornais e a internet serão novamente tomados por uma praga -os idiotas do retrospecto. É aquela galera que acredita que os jogos do Brasil em 1900 e bolinha, no tempo em que gigantescos répteis caminhavam sobre a Terra, podem ter alguma influência na partida desta sexta. "Ah, o Brasil não perde dos colombianos desde sei lá quando, goleou por 6 a 0 em 1977" etc. E agora eu lhe pergunto: e daí? O nome disso é superstição metida a estatística: é igualzinho a usar sempre a mesma camisa ao ver os jogos, ainda que pareça "científico".

Não nego, é claro, que a tradição pese. Mas os idiotas do retrospecto seriam incapazes de prever a Holanda de 1974 (antes disso, o país tinha participado só de duas Copas e caído fora logo no início). Ou a Espanha de 2010. Ou mesmo o Brasil de 1958. Ou ainda -pra ficarmos no Mundial atual- a Costa Rica superando seleções como Inglaterra, Itália e Uruguai. Se retrospecto ganhasse jogo, o Brasil nem precisaria entrar em campo pra ser campeão; acho que macumba faz mais efeito.


RUY GOIABA usa sempre a mesma camisa ao ver os jogos do Brasil. E acredita mais nisso do que em "retrospecto".

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