Meu sonho de infância era ser pistoleiro no Velho Oeste. Rápido como Giuliano Gemma, temido como John Wayne, letal como Clint Eastwood.

E então, na última terça-feira (27), vi meu sonho se tornar realidade na primeira página dos jornais. Índios armados de arco e flecha enfrentaram a cavalaria da PM em frente ao estádio Mané Garrincha, em Brasília! Na festiva ocasião, um silvícola atingiu um policial com uma flecha! Sério mesmo!

Entusiasmado diante de acontecimento tão bizarro, pensei: "Chegamos lá! O Brasil é oficialmente um faroeste! O sonho de uma geração inteira foi realizado!".

Viramos cowboys que fazem justiça com as próprias mãos, enforcam gente em poste, trocam tiros nas ruas e atiram flechas uns nos outros!
Somos todos pistoleiros ao entardecer, teimando em viver no Velho Oeste em pleno século 21. E se alguém duvida, aí vão algumas tramas em cartaz num lugar bem perto de você.

TE ODIAREI ATÉ NO INFERNO

Xerife durão e autoritário (Joaquim Barbosa) prende o filho playboy e arruaceiro (José Dirceu) de um latifundiário (Lula). O poderoso não se conforma! O xerife, afinal, deve o cargo a ele. Ele cavalga até a cidade com alguns poucos homens, pois a maioria dos seus vaqueiros foi levar gado até Abilene.

"Muito bem, seu bastardo", avisa Lula. "No domingo, meus homens voltam. Você tem até sábado para soltar o Zé Dirceu ou sua cadeia será reduzida a cinzas!"

Mas o xerife é turrão. E embora esteja prestes a se aposentar, ele quer resistir até a última bala, contando apenas com a ajuda de um auxiliar nem um pouco confiável (Ricardo Lewandowski)!

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DA TERRA NASCEM OS BRUTOS

Viúva valente (Dilma Rousseff) herda um latifúndio no Arizona. Apesar da pouca experiência, ela se vira para administrar a fazenda, que já viveu dias melhores.

Um empresário neoliberal (Aécio Neves) cobiça aquele pedaço de chão, pois sabe que uma grande ferrovia passará por ali, valorizando bastante o latifúndio.

Dilma Rousseff, no entanto, se recusa, a abandonar a terra. Ela sabe que os funcionários da fazenda, apesar de indolentes, dependem dela para sobreviver. Sem o latifúndio, eles se dispersarão pelo Velho Oeste como uma boiada sem dono.

Entrincheirada em suas posses, Dilma resistirá até a última saraivada de balas!

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UM HOMEM CHAMADO RAPOSA

Seu nome é Eduardo Campos. Ele foi um leal oficial da cavalaria e durante anos colaborou para a expansão daquele projeto de governo. Mas a proximidade com os Apaches fez com que ele reavaliasse sua posição política.

Eduardo Campos passou a viver com os peles-vermelhas, ganhou um novo nome ("Raposa Que Muda de Pelo") e até se apaixonou por uma nativa idealista chamada "Dança com Crocodilos" (Marina Silva).

Agora não há mais retorno. Eduardo Campos sabe que os casacos-azuis avançam e que eles serão impiedosos na preservação do seu território. "Raposa que Muda de Pelo" cavalga ao encontro do seu destino!

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O PASSADO NÃO PERDOA

Ele é um homem marcado pelo passado!

Um pistoleiro (Luiz Moura) foi assaltante no Wyoming, mas decidiu deixar esta vida para trás. Cavalgou até o Texas, estabeleceu-se na pequena cidade de El Kabongo e arrumou emprego honesto como condutor das diligências da Wells Fargo. No entanto, a antiga gangue logo descobriu seu paradeiro e passou a ameaçar a cidade com bloqueios e incêndios de carruagens.

Luiz Moura marca um encontro com os bandidos. Infelizmente, o jornalista da cidade está passando por ali, presencia a reunião e dá com a língua nos dentes.

Os moradores de El Kabongo pensam que o pistoleiro está de conluio com a gangue, embora ele jure que apenas tentava evitar maior derramamento de sangue. O passado de Luiz Moura volta a assombrá-lo e ele tem de tomar uma difícil decisão: ficar ao lado dos el-kabonguenses que não acreditam mais nele ou abandonar as diligências da Wells Fargo à sanha dos criminosos? Só o tempo dirá!

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EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é www.sitedoaran.com.br.