Factoides

HUMOR: Boato de internet, você ainda vai cair em um

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"Nada é certo neste mundo, exceto a morte e os impostos", dizia Benjamin Franklin em carta a um amigo, o cientista francês Jean-Baptiste Leroy, no final do século 18. Três séculos de progresso nos levaram a uma terceira certeza: além da morte e dos impostos, em algum momento você VAI cair num boato de internet.

No último fim de semana, "mataram" o ator americano Wayne Knight, mais conhecido como Newman, o vizinho e inimigo do Seinfeld no seriado homônimo (a melhor cara de nojo da TV, aliás, continua sendo a de Jerry Seinfeld dizendo "hello... Newman!"). Mas muita gente mais votada, de escritores a atores, já foi morta algumas vezes pelas redes sociais. E rolou um efeito "o menino pastor e o lobo" quando Michael Jackson morreu de verdade, em 2009 -eu e muita gente custamos a acreditar que, daquela vez, não era hoax.

As falsas mortes, porém, são subproduto de uma tendência mais abrangente: a vontade irresistível que certas pessoas têm de passar adiante rigorosamente QUALQUER coisa que leem na internet, sem dar nem uma conferidinha no Google. E não falo da sua tia-avó que aprendeu a usar a "rede mundial de computadores" ontem; são seres supostamente alfabetizados, muitos deles nativos digitais, a quem Deus deu —ao mesmo tempo— dedos rápidos e um cérebro que não pega nem no tranco. Leem textos de sites de humor, daqueles que vêm com ZUERA escrito em néon piscante, e repassam tudo muito indignadinhos, como se verdade fosse.

Crédito: Divulgação/SBT Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, já foi morto no mínimo 200 vezes pelas redes sociais --sempre sem querer querendo
Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, já foi morto no mínimo 200 vezes na internet –sempre sem querer querendo

Essa turminha dos dedos velozes é a principal vítima de certos espertões de internet, que criam o hoax ou o divulgam sabendo que é hoax (o que parece uma versão 2.0 da tachinha na cadeira da professora, tão débil mental quanto a antiga). Admito, porém, que às vezes a elaboração faz o hoax ASCENDER ao status de pegadinha e engabelar muita gente boa. E há ainda outro tipo de espalhador involuntário de boato: aquele que espalha porque deseja muito, mas MUITO mesmo, loucamente, que aquela notícia seja verdade.

Recentemente, pipocaram nas redes sociais as histórias de que a ativista Sininho, que se chama Elisa Quadros, era "neta de Jânio Quadros" e que Lulinha, filho daquele ex-presidente lá, é "dono da Friboi". As duas são facilmente derrubadas com um passeio de cinco minutos pelo Google (aliás, basta jogar "Gamecorp" no site de busca para encontrar fatos reais envolvendo o filho de Lula), mas o segundo boato chegou a fazer a JBS, controladora da Friboi, divulgar um desmentido —sem Tony Ramos nem Roberto Carlos— no Facebook.

Em suma, a vontade enorme de que uma coisa seja verdade, por mais que as redes sociais a amplifiquem, não faz com que a coisa se torne verdade. A internet é MÁGICA, como diria a Leda Nagle, mas nem tanto.

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RUY GOIABA acha que "pior para os fatos" só funciona se você for o Nelson Rodrigues e não um bocó postador de boato nas redeçociau. É jornalista e sabe que seu trabalho consiste em separar o joio do trigo e publicar o joio, mas acha que seria mais legal separar o shoyu do trigo, até porque os dois nem combinam.

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