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HUMOR: Voto aberto vai parar no Sírio-Libanês

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Com a ameaça do voto aberto pairando sobre o futuro dos parlamentares, Câmara e Senado aprovaram em regime de urgência a construção de uma ala de votações exclusiva nas dependências do Hospital Sírio-Libanês.

Os congressistas alegam que a medida é preventiva, já que o novo voto, por ser aberto, está mais exposto ao risco de contaminação por bactérias causadoras da Ética e pelo vírus transmissor da Democracia.

"Imagina se o meu voto aberto for muito feio? Vou mostrar ele assim para a população? Não posso. No Sírio [Libanês], vou poder submetê-lo a uma lipo, lifting, botox", explica um deputado entusiasta da ideia.

Crédito: Divulgação Voto aberto de um deputado acostumado se recusando a fazer botox; população pode ficar traumatizada
Voto aberto de um deputado acostumado a desviar verba se recusa a injetar botox; população pode ficar traumatizada

Além disso, como o Sírio-Libanês é um endereço VIP, livre de microfones e sem um canal de tevê pentelho transmitindo tudo o que acontece lá dentro, deputados e senadores garantem que vão se sentir mais à vontade para deliberar e votar aberto. Abertíssimo. Abertico-tico no fubá.

Mas para sair do papel, o "Puxadinho do Sírio" precisa vencer um dilema. Enquanto a direção do hospital defende que o novo espaço precisa respeitar a decoração sóbria com iluminação indireta das outras alas, um pequeno grupo de parlamentares defende o uso de paredes salmão com muitas pátinas e sancas iluminadas com LED colorido.

"Precisamos respeitar a diversidade do Brasil", defende um neo-deputado abordado no lobby do Sírio-Libanês com CDs de Claudia Leitte.

Outra ala de políticos, no entanto, aposta justamente no ambiente "de gosto diferenciado" do hospital para desestimular parlamentares saídos da "Classe CeCê" a continuarem na carreira. "Como o Sírio-Libanês é lugar de falar baixo, muitos vão ficar tiririca", confessou um senador de carreira.

Crédito: André Borges/Folhapress Dois senadores de carreira riem do voto aberto: "Quanto tempo até essa gente esquecer do assunto?
Dois senadores de carreira riem do voto aberto: "Quanto tempo até essa gente esquecer do assunto?"

O orçamento inicial prevê que a construção do puxadinho do Congresso no Sírio-Libanês para o Voto Aberto não deve ultrapassar os R$500 milhões. Uma ninharia, se pensarmos em tudo o que o voto secreto de parlamentares já permitiu que senadores e deputados roubassem do Brasil ao longo de 24 anos desde as primeiras eleições por voto direto.


DIEGO REBOUÇAS, 30, é roteirista e jornalista. Escreveu "Travessia", publicado pela Livros Ilimitados, e também revende Jequiti, Avon e Natura no Facebook

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